quarta-feira, 1 de junho de 2016

As minhas noites são danças entre lágrimas, elas tecem caminhos, descem pela minha face em grupo para me morrerem nos cantos da boca, bailam ao som dos soluços e dos gritos silenciosos da minha alma. Movem-se baixinho para que ninguém ouça os seus movimentos, de vez em quando ainda se deixam pausar nos cantos dos olhos, ficam ali alguns minutos para depois caírem rapidamente rosto abaixo e já nem os soluços lhes servem de ritmo, nessa hora só querem cair com o corpo que fraco se estende neste chão de injustiças. Dançam ao bater acelerado do coração, mesmo ao anestesiante bombear do sangue nas veias, são fruto de muitas danças interiores, bailes inteiros de sentimentos que se misturam e coabitam . As vezes a mão não as deixa dançar à vontade e tem necessidade de as limpar antes que cheguem aos cantos da minha boca, faz parte da dor, faz parte do sofrimento ter esta mão no rosto a limpar as lágrimas, um gesto prodigioso. Ver depois as lágrimas secarem aos poucos na mão que as esmagou, ver depois o sol secar as lágrimas que não acompanharam a dança até ao fim e ainda me ficaram na face. Dançam as lágrimas, em mim!!! Sei que tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espectáculo que posso. Assim me construo, em salas supostas, palcos falsos, cenário antigos, sonhos criados entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis de expectativas ofuscadas pelo desentendimento humano…

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