quarta-feira, 20 de março de 2024

Hoje vos digo que por vezes damos de caras com a coisa certa apenas quando fazemos a coisa errada. Da mesma forma que as palavras encontram sempre o seu lugar exato num texto, a vida tende a nos surpreender até nas esquinas mais inóspitas e sombrias. Procuramos ferozmente o grande esquecendo o minúsculo que nos surge por entre as linhas da vida. É certo que ambicionamos a grandeza, e está tudo bem com isso, mas adulteramos o simples, o pequeno e as amostras de luz que a vida nos dá. Durante esta fase em que tudo é tão temporário e impermanente, busco, tal qual muitos outros, manter o equilíbrio, a sanidade e não cair no esquecimento do que verdadeiramente se está a passar... Sofro por antecipação, cancelo planos, refugio-me na esperança em que a cura aparece tão depressa quanto a minha vida foi alterada... Mas!! Também equaciono-me, na tentativa de também eu me salvar, por meio de questões tão íntimas, mal amanhadas por falta de clareza e, possivelmente, sem capacidade de resposta. A vida não está a acabar, nem o céu, nem a terra, nem o universo, nem ninguém. Porém, há uma certa tendência para nos protegermos como que toda a vida ficasse suspensa por um fio. A montanha não é o seu topo. A montanha é a composição de toda a matéria que a constitui. Vou escalá-la, o topo é apenas o ponto mais alto que tem. O restante reside na base e que inclui toda a vida e não vida que nela habita. Apontamos muitas vezes o nosso olhar apenas para cima. É onde pretendemos chegar, eu sei! Todavia, teimamos em não honrar com a mesma intensidade a base e as pequenas coisas. Uma das coisas que aprendi ao longo da minha vida é que tudo conta. Os pequenos e os grandes. Os altos e os baixos. A força e a fraqueza. A queda e a ascensão. E que a vida, tão sábia que é, nos presenteia com o pequeno da mesma forma que nos incentiva com o gigante. Um ponto de luz, por mais pequeno que seja, tem a capacidade de iluminar toda a escuridão. A aprendizagem que estou a adquirir com o que estamos a passar de momento dita-nos em quem nos estamos a tornar. Talvez precisemos de reparar mais nas pequenas amostras de luz que a vida nos está a dar. É tempo de encararmos o simples. De transformar o complexo no acessível e ver, por mais empenho que isso signifique, a beleza única das pequenas coisas. Uma das coisas que mais cumpre bem o seu propósito da minha vida é a simplicidade, talvez essa Arte de Ser menos me faça ser mais...Não vou temer as sombras, elas só significam que há uma luz brilhando, ter luz não é sobre brilhar, é sobre iluminar e a alma tem um peso gigamte nessa luz. Tem o peso da música, tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita, tem o peso de uma lembrança, tem o peso de uma saudade, tem o peso de um olhar, que pesa como pesa uma ausência uma lágrima que não se chorou e esta sim tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Hoje aparo os espinhos nas ruínas do tempo, arrastam-se pelas margens dos rios medido o sobressalto das encostas... Há palavras que latejam em nós, clandestinas germinando na nossa amargura elevando o alvoroço em percursos inóspitos dos nosso passos! Vamos soletrando as migalhas em gestos que nos vão fazendo erguer o olhar, como ânforas antigas que se enchem das sedes que de mão em mão, se vão tornando gloriosas. Os dias são fecundos, amadurecem como o trigo expectante que aguarda as a passagem das aves que chegam ao cais erguendo promessas… A mágoa, essa pode apoderar-se de nós nos passos incompreensíveis da vida por diferirmos, por discordar dos objectivos manipuláveis que alguns preparam com a vontade de nos asfixiar, mas!! Acredito que os caminhos da vida podem ser como a relva abundante dos prados verdes da Primavera, e que lá na frente a luz acabará por brilhar para todos os que chegarem de olhos abertos ao cimo da colina...Creio que o mais importante e simples do ser, é o que te constrói e revigora, sempre que deres um passo em frente nas linhas retas da existência vai haver um sopro para nos cativar!Mas hoje é nas intermitências do tempo que me sinto, opto por desbravar caminhos e, em silêncio, colho alvoradas suspensas nos sorrisos, com que me fecho, de olhos brilhantes quando me fixo, numa profusão de cores primaveris, como a que se instala no abraço dos dias...Os meus sentimentos são firmes, deixam rasto por onde sigo, continuarei a acreditar, mesmo que todos percam a esperança. Continuarei a amar, ainda que os outros gotejem ódio, continuarei a construir, ainda que os outros optem por destruir, continuarei a falar de Paz, ainda que assista a guerras, continuarei a iluminar, mesmo que me sinta no meio da escuridão, continuarei a semear, ainda que nada brote, continuarei a gritar, ainda que os outros se calem, continuarei a desenhar sorrisos, mesmo que no meu rostos resvalem lágrimas , transmitirei alívio, mesmo que sinta dor, convidarei a caminhar aqueles que decidiram parar, estenderei os braços, aos que se sentirem exaustos, porque no meio da desolação, sempre haverá alguém que nos olhará, querendo algo de nós...Mesmo num dia encoberto, haverá um lado onde sairá o sol e em qualquer deserto crescerá uma Flor...Mas!!! Se algum dia virem que já não caminho, não sorrio ou me calo, apenas aproximem-se que aceitarei, um abraço ou sorriso, isso será suficiente, pois seguramente me terei esquecido de que a vida é dura e me surpreendeu por um momento. Sei que sou uma das peças do caos da minha imaginação, estou de porta fechada, sem saída onde tudo acaba e começa, como um puzzle se faz de duas peças apenas, à margem dos sentidos que me mantêm cativo , lutando entre si como palavras que me querem decifrar para me dividir indignamente...

domingo, 17 de março de 2024

Hoje o que gostaria era ser totalmente absurdo, se é que sei o que significa ser absurdo! Talvez seja apenas mais um rotulo - que importa? talvez deixe de pensar tanto e, possa começar a rir de quem me rotulou. Eu adoro ser absurdo apreciar uma flor e e sentir-lhe a alma. Contar-lhe uma história, ou melhor, escrever-lhe uma, descrever o aveludado das suas petalas e pensar, enfim que a minha pele é ainda suave e que alguém a gostava de acariciar...Eu sei que vivemos um período de mudanças exponenciais a todos os níveis. Um tempo em que, se quisermos avançar, temos de fazer como a águia, fazer um voo encarpado de transformação profunda. As mudanças que enfrentamos não têm precedentes na história da humanidade nem na nossa, para lidar com elas precisamos, libertar de costumes, ideias, tradições, medos… O medo… Uma das grandes amarras que domina as nossas vidas nestes tempos de incerteza, quer a nivel profissional, emociaonal , social,medo do que nos espera no futuro, medo da mudança, medo da perda… O medo, como a dor, é um reflexo natural indispensável para a sobrevivência, pois permite detetar, de antemão, circunstâncias perigosas. No entanto, em nós humanos, o papel do medo evoluiu e expandiu-se para lá da sua missão de anteciparmos perigos tangíveis. Angustiamo-nos não só pelos nossos problemas, como pelos dos nossos familiares, amigos e desconhecidos, antecipamos situações, danos imaginários, ameaças futuras. Quanto sofrimento humano causado por males que nunca ocorreram! O nosso medo mais profundo é saber que somos mais poderosos do que qualquer expectativa, todos podemos brilhar, tal como o fazem as crianças. Quando deixamos que a nossa própria luz brilhe, damos inconscientemente aos outros a oportunidade de fazerem o mesmo, conforme nos vamos libertando dos nossos medos a nossa presença liberta automaticamente os outros, e isso sim é dar um passo para o amor...Investir no sossego do próprio coração é algo tão complexo por causa da sua simplicidade, por ser simples é uma das coisas que mais dificulta a nossa vida... Hoje quero apenas investir no sossego do meu próprio coração, e isso passa por não abrir uma brecha, que poderá virar uma represa, para alguém que não está disponível afetivamente para me amar...Isso passa por prestar atenção nos sinais e indícios que a pessoa dá, não te valorizar ou simplesmente te vulgarizar...O tamanho do seu sofrimento ou da alegria que ela poderá te proporcionar é muito descritivo do que tem para te oferecer... Posso até me sentir so , mas mesmo acompanhado, vislumbro as consequências das minhas escolhas e essas serão absolutamente sempre nossas. Investir no sossego do próprio coração é coisa que não vem com a idade, mas com a ideia de que se pode vivenciar um momento de paz e repouso, é desocupar o peito para abrir espaço para o novo, é entregar-se ao desconhecido com inocência e totalidade, é não ter medo de pronunciar verdades, é ser honesto consigo, com o outro, porque a pior tristeza no ser é aquela que não nos permite, encontrar uma resposta, algo que te faça entender as coisas...

sábado, 16 de março de 2024

Hoje recordo -me quando era pequeno, nessa altura, não entendia o choro solto das pesssoas ao assistirem a um filme, ouvir uma música ou ler um livro. O que eu não sabia é que as pessoas não choravam pelas coisas visíveis. Elas choravam pela eternidade que vivia dentro deles e que eu, na minha infantilidade, era incapaz de compreender... O tempo passou e hoje me emociono diante das mesmas coisas, deixo-me tocar por pequenos milagres do cotidiano, que é na memória que a vida de faz contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos...Pessoas, situações...As crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um filme, uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade... Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a memória, ainda somos juvenis, atletas, amantes insaciáveis. Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem, nem que seja em nós! Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro de nós. Quando nos damos conta, nossos baús secretos…estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, ddo que deixa saudades, do que doeu além dos dias, do que permaneceu além do tempo... Hoje sinto esta capacidade de me emocionar na ponta dos dedos, sinto-me sensivel, vulneravel como se todos os meus compartimentos estivessem escancarados de alguma maneira. Fico sensivel com aquela música que ja ouvi no carro como se fizesse parte de mim, mesmo que passem anos, ha lugares, ha pessoas que a sua memória afetiva não obedece a calendários, não caminha com as estações, volta no tempo e faz-nos reviver sentidos...Dizem que o tempo cura tudo, mas não é assim tão simples, mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram. O que a memória ama, fica eterno! Abrimos o caderno onde apontamos o futuro, Fazemos uns traços coniventes nas metas não cumpridasque sonhamos, fingimos para nós próprios, querermos erguer a bandeira da mudança, e projetamos um futuro para todos os sentidods, mas para o corpo juramos apenas os abandonos que a nossa alma deixa como arrependida...A par dos sonhos o fogo é inconsistente de esperança, a resiliência é discreta na letargia da pouca força que me resta...

sexta-feira, 15 de março de 2024

A noite começou a resvalar na escuridão. Os passos dão-se de uma forma frágil , na sombra que ofusca o céu . O ar esse , torna-se irrespirável, e por muito estranho que pareça, sobrevivemos na mesma, mas não queremos crer nessa simples possibilidade. À nossa volta o cenário da destruição extrema, começa a imperar, percebe-se que aconteceu uma catástrofe a nível global, social, emocional, porém, os pormenores os detalhes estão á vista de todos mas as verdades escasseiam. As pessoas escondem-se nos recantos cheios de sombras, longe dos cheiros, apenas inalando o arrepio do medo… Porque é no corpo e nas nossas necessidades que tudo começa e acaba. É o corpo que é real, e, paradoxalmente, só o compreendemos quando o perdemos ou quando ficamos reduzidos a ele, já pensara nisso? Sinto que a cada dia que passa, estamos, lutando pela sobrevivência da nossa liberdade é assim, passo a passo, segundo a segundo, pulsação a pulsação, vamos dando cor ao que não vemos mas que nos afeta ! É um tempo onde nos movemos sem rumo, sem saber a direção, sem saber nada. E não há ninguém para perguntar o caminho, é um caminho interno e solitário. Uma luta renhida pela lucidez, que começa nos gestos mais banais. E, ao mesmo tempo, o desespero de preservar a memória porque, acreditem, sem ela morremos de facto… Para um sobrevivente, a morte pode ser um consolo, quase um alívio. Para um sobrevivente, cada movimento dói, como uma chaga permanente na vida. Mas, em vez de se render ao abraço da morte, da desistência, o sobrevivente continua em frente numa obstinação que tem tanto de desespero como de instintivo.Percebemos, assim, que o mundo está cheio deles. Sobreviventes. A luta começa a estar no rosto do mundo. Podemos então olhá-la de outros prismas, conhecê-la, interpretá-la. Não com raciocínios, mas com as emoções à flor da pele. Não encontramos respostas nos livros, esses apenas contam histórias fazendo a história. O mundo começa a estar invertido o preto transforma-se em branco e o branco em cinzento. Todavia, temos mãos, temos tintas e pincéis, mas não há nesta vida quem saiba pegar neles e pintar… Sinto que estamos num novo começo, começamos a ver o mundo como se fosse a primeira vez, um ponto de partida, onde nem temos como mostrar o passado, o que foi destruído, nem há como trazê-lo para o presente, como oferecê-lo às novas gerações… Hoje percebo que o cenário mudou. Abre-se uma porta, para que surja uma luz, e devolva a crença onde tudo começa a parecer ruinas , porém, tudo fica diferente. Seria bom as pessoas voltarem a trocar sorrisos e palavras, coisas simples, alegrias, tristezas, estados de alma, talvez ai descobrissem o poder da partilha! Não sei se iremos ainda presenciar o renascimento do mundo, da vida, como se a vida fosse uma coisa abstrata, exterior, a nós humanos, que tanto experimentamos os sentimentos básicos dessa vida, como quem prova pedaços tímidos de sabores desconhecidos, do amor, da amizade, da mulher, do homem, da agressividade, da luta, da coragem, da partilha, do egoísmo, da solidão, da solidariedade, da cumplicidade… O medo, esse, é aquele que já conhecemos de cor, de tanto o vestir e levar pelos caminhos. O medo, esse animal que se esconde na toca, encolhido, assustado, e que, ao sentir-se encurralado, se pode tornar comunitário, primeiro por desespero, depois, por não termos como lhe fugir…Hoje estou assim porque o medo de perder me retirou a vontade de ganhar!

quinta-feira, 14 de março de 2024

Hoje trago as mãos fechadas, como se já não abrissem por ninguém, como duas asas paradas que não tem céu para bater…Vejo rugas marcando as minhas mãos, parece que vão deixando a alma presa a desenhar caminhos vãos... Vou aprender o caminho, sim aquele que vem do mar e vai dar a casa, onde a areia se desfaz, apagando vestígios das nossas pegadas no areal! Há sentimentos que chegam com as marés, á nossa ilha deserta , não trazem rotulo , memoria ou remorso, apenas sons que nos fazem recordar o como somos vazios e ao mesmo tempo náufragos de pedaços de céu… Todos queremos o nosso pedaço de céu, trazemos nas mãos notas de um som só, de um ritmo apenas! Há anjos que se erguem dos sonhos, outros de asas erguidas voam rumo aos céus. Usam mascaras nas suas viagens, flores no olhar e dias claros de sol cortados a meio, fazem as primaveras, umas atrás das outras. Desenham dias redondos de luas em quarto crescente, projectando bocas abertas em busca do ar que nos escapa, partes de todos nós, sonhos que mantemos, prazeres de instantes em silencio, que nos rasga a pele de ausências em notas de um só som! As minhas mãos afagam a doçura e estendem-se gentis e tranquilas pelas horas infindáveis de muitas coisas passadas em anos vividos, abraçados num destino que transporta consigo pedaços de uma vida.Mas! Hoje as minhas mãos afagam a doçura e trazem sonhos e abraços de lua cheia, buscando ansiosas e aflitas o consolo da pele macia que retarda 0 prazer abraçado de tanta delícia sentida... As Minhas Mãos, e não sei o que têm para contar... Estiveram tanto tempo sozinhas, que têm medo de falar...Do prazer que é tocar noutras mãos..Do calor que se espalha pelo corpo...Do toque nos lábios de alguém, e sentir um beijo na palma...Talvez estejam a sonhar...Talvez seja uma fantasia...Mas eu senti o beijo suave,macio, quente na palma das minhas mãos...Que se fecharam para o guardar...Há dias que ficamos a saber que há mãos que assassinam a fé no amor!

quarta-feira, 13 de março de 2024

Hoje procurei-te em tantos sonhos ruidosos, sem que tenha percebido que tu eras o meu silêncio do amor. Andei por aí, tropeçando nos pedregulhos que a vida me ia colocando na estrada e nunca percebi onde estavas, mesmo ao meu lado, e hoje sei isso… Procurei-te onde não existe nada que me pertença e reclamava daquilo que a vida já me tinha dado. São as cegueiras que a razão nos impõe e que não nos permitem ver a realidade que está à frente dos nossos olhos. São o gritos da mente que não nos deixa escutar os conselhos da alma. E na verdade, só mesmo a nossa alma é que conhece o sentido exato da nossa vida. Tudo o resto são ruídos e sombras que temos que aprender a decifrar. O teu sorriso embriagava-me, mas a cegueira na vida é tanta que nem tu nem eu nos via-mos…Porque cada um só vê a sua realidade! Passamos os dias fazendo com as lágrimas um rio sem sal, um rio que nunca chegará ao mar. Afogamos tudo num sofrimento sem cura, e sei onde está o remédio … Procurei-te no deserto do mundo onde tu estavas na solidão da minha existência, tornaste te o pastor dos meus sonhos. É sempre assim quando não queremos ver a realidade que é tão nossa que já nem a valorizamos. Sofremos de dores imaginárias, que encontramos nessa floresta negra, que nos rouba a nossa própria luz e não nos alimentamos do amor que, nos estica os braços a cada esquina, que contornamos sem sequer reparar nele… Somos tão injustos com tudo o que a vida nos dá, que por vezes quando nos curamos desta cegueira louca já é demasiado tarde para vivermos a doce arte de sermos quem somos mas!! Procurei-te, procuro-te e só te encontro quando, tropeço num dos sonhos… Olho-me bem para dentro do sonho e percebo que tu nele habitas. Reconheço o teu olhar, reconheço o teu cheiro , o cheiro dos teus sentimentos e imagino-me a apanhar boleia nos teus sonhos, que me transportam a lugares que nunca havia estado, tu que me seguraste na mão para evitar a minha queda, fizeste-te de estrela dourada no meu céu…Eu já chorei de dores e nada me doía. E é essa a pior dor de que podemos sofrer, a dor de não sabermos onde nos dói. Quantas vezes levamos anos a fio a chorar pelo que ainda não temos, pelas dores de que não padecemos, sem perceber que só irá doer quando soubermos onde mora a dor. Eu pedia à vida tudo o que ela me destinara e que eu ainda não me dera ao trabalho de aprender. A lição da vida estava ali e no entanto eu não a compreendia, não entendia tudo o que ela me dizia. Hoje é nos pequenos detalhes que está a diferença das pessoas, são eles que nos mostram o verdadeiro carácter de uma pessoa, tanto para o bem como para o mal! Nas grandes ocasiões o Ser Humano mostra-se como lhe convém ser, nas pequenas coisas mostra-se tal como é, por norma é nos detalhes que mais reparo, defeito não sei se é mas característica é sem dúvida e acompanha-me desde que me lembro de existir. Tenho tanto de despassarado como de observador , tenho tido surpresas fabulosas de pessoas que não contava, e essas surpresas têm aparecido nos tais pequenos detalhes, muitas vezes em momentos nem sempre importantes. Mas ficam gravadas, pela surpresa positiva. Depois também há aqueles detalhes que surgem e que nos levam a descobrir pequenas mentiras e omissões, que muitas das vezes nem são mensuráveis e absolutamente desprovidos de lógica mas que nos dão uma leitura mais exata da pessoa e da sua essência , tenho assistido a pessoas a mentir "por da-cá-aquela-palha" e não consigo perceber a razão pela qual o fazem...para manterem uma aparência? Para se enganarem a si próprias? Não entendo de todo e como também não me diz respeito uma vez que sou mero espectador do triste espetáculo não questiono sequer o porquê da atitude...apenas me vou afastando cautelosamente porque quem mente num detalhe também pode mentir numa coisa importante...Acaba por ser com estes tais detalhes ...que vou fazendo uma seleção natural de quem quero ter por perto. sempre tive a certeza que a nossa liberdade termina exatamente onde começa a liberdade do próximo. Sempre tive esta leitura linear, sem grandes dúvidas.

terça-feira, 12 de março de 2024

Hoje o tempo é uma porta sempre aberta que não suplica a ninguém o seu estado, não tem chave para ser aberta ela abre-se sozinha fica escancarada , é algo soberbo, soberano, transparente, sempre está connosco chega e se vai ao mesmo tempo, seja qual for o nosso caminho. Uns dizem que não perdem tempo, mas, acabam perdendo-o ou mesmo se perdendo nele! Perder é declinar o infinito, é alimentar apenas uma covardia, que só está ao alcance dos eternos... Espero que a Eternidade essa sim, perdure no tempo, sempre novo e que o passado fique velho! Para ser sincero, não sei se hei-de ganhar mais tempo, ou mais passado! Só sei que tudo tem o seu tempo nas nossas vidas, e se tudo tem o seu tempo é o porque ainda terei tempo...Continuo no mesmo lugar á espera que a porta que ficou entreaberta se abra na sua plenitude, porque sigo com o olhar a trajetória da minha caneta, que a minha mão segura… Como é fantástico imaginar esta fantasia que as minhas mãos projetam, como uma valsa, por isso escrevo, gosto do que sinto, embora possa escrever sobre qualquer coisa mas o estimulo seria outro, porque preciso de sonhar , sentir, viver, abraçar…É possível transcrever um sonho no papel e é isso que aqui faço! Tenho vontade que chova perante o derrame das águas, ficar encharcado até aos ossos, mas não por uma chuva qualquer, queria chuva de palavras nunca ditas, de todos os afetos por expressar, de todos os gestos por esboçar , de todos os beijos partilhados sobre a minha pele como gotas de chuva miudinha a escorregarem pela superfície levando a tristeza transbordando cada poro de mim mesmo… Hoje queria a alma inundada do amor, desse grito de silencio que tudo esconde e não proferimos sem entender o que nos impede de o fazer…Porque toda a ternura que sinto está ancorada … A luz do luar até me pode distrair como um poema por acabar, faltam as palavras , as mais simples , sinceras, que conseguem abraçar a ausência …Amo as palavras, mas a verdade é que posso amar os sentidos de forma escandalosa ! Por isso deixo que eles me embriaguem nas sombras, com palavras que escrevo…Apago…e volto a escrever, será que perdi o toque das letras! Era o que de mais precioso tinha…Preciso da força de todas as consoantes e do preciosismo das vogais , estas , soltam os meus sentimentos como um cântico sagrado que chama o olhar que tanto desejo transformar no meu mundo… Eu abro os olhos e deparo-me com muitas diferenças, sim eu sei… Mas, elas não marcam as minhas presenças, nem os traços que outrora escondera , abafara por medo de não mais voltar a sentir! Adoro as palavras que partilho, sinto-as como uma escrita sagrada, que tapam a solidão que se aprofunda nos sentidos que não ousei dar nas palavras , sempre escrevi com alma embora tenha, abafado gritos que não sei, desilusões que não contei, sonhos que não pintei, pesadelos que amputei de mundos que nunca escondi…Hoje as palavras soa-me a ocas ...Perdidas…como pegadas que não se fixam, as palavras geram um desamor mesmo exagerado, elas escondem o pavor, da saudade e da ausência erguendo muralhas com a caneta de debotar a derrota na tinta desperdiçada entre a luz que não se faz... Quando a luz no teu corpo se inflama a noite se apaga em mim, deixando-me como se tivesse o meu olhar aceso no amor...

segunda-feira, 11 de março de 2024

Hoje fiquei a olhar o calendário, desfolhei os dias em todas as suas páginas eu dei por mim a pensar em que dia, e a que horas marcariam no relógio naquele momento magico em que nos cruzamos e que eu sem perceber me apaixonei pelo teu sorriso e me encantei pelo teu olhar! Não fazia sol, nem chovia, era noite, ou apenas me deixei encandear pelas estrelas que te rodeavam porque o teu olhar me deixou blindado e tudo em meu redor deixou de existir. Olhei-te e de repente senti-me uma parte de ti. A outra metade de mim. A gota de ousadia que me faltava. A partícula de timidez que te sobrava, estava tudo ali. Tu eras tudo o que eu não tinha, e eu tinha tudo aquilo que tu procuravas… Eras a eternidade que eu nunca tive e que procurava nos sonhos que ainda não sonhei. Esse foi o momento exato em que te amei, ainda sem saber. Sem perceber que agora nada mais voltaria a fazer sentido. Hoje olhei-te e senti-me na projeção desse pensamento. A exclamação no final de cada uma das tuas frases. O ponto de interrogação nas horas de dúvidas, nas reticências sobre o que será o futuro dos sentidos, por isso, olho-te e lá estou eu, sempre incluído nesse pensamento, revejo as minhas mãos no teu rosto, a delinear o meu mundo! Também vieste dar cor aos meus dias. Os sentimentos que foste escrevendo no meu coração eram tão fortes e intensos que nem precisei de passa-los para o papel, para que fosse necessário guarda-los na minha memória. Eram uma tatuagem feita na minha alma e que ficou guardada no meu coração. Datas e momentos que não precisaram de agendas para que sejam recordados. Pois, eles são uma recordação viva, de instantes de felicidade pintados no meu corpo que jamais serão esquecidos. Isso é a memória viva do sonho que me arrisquei a viver, uma recordação do que amo, de alma e de coração, a história que fica para a eternidade. Hoje se me pedissem um poema apenas, um só poema, eu ficaria aflito a imaginar…Não saberia fazer jus às suas belezas, nas palavras, mesmo de coração aberto com a subtileza da Natureza que me embriaga o olhar! Se me pedissem palavras eu ficaria feliz, muito feliz por ver que se lembravam de mim! Eu sei que sou pouca coisa, mas ficaria também nervoso e preocupado por ficar aquém expectativas de outros, pois um dia ser rei e outros nem ter o que comer é silabicamente triste… Ser metade de algo não preenche a não ser quando somos metade de outro alguém … A verdadeira ousadia do ser, é despir a alma do sonho que outrora vestimos para mergulhar no silencio absoluto, Umas vezes vestimos o olhar de chuva ao derramar lagrimas, outras entramos em valsas de sentimentos onde temos de despedir-nos de sentimentos que fizemos nascer … Voltamos ao cais de partida, de alma vazia, coração sem ritmo, corpo isento de sensações que tanto investimos para ser embalado… Outrora foi tratado com carinho, paciência, ternura e embalado com um sorriso no olhar! Tive de me proteger com a força do orgulho entreguei o meu ser ao ritmo da batida do coração. Não o quiseram … Temos de aceitar, mas não o devolvam, não existe sozinho…

sexta-feira, 8 de março de 2024

Hpje, visto-me no silencio em que a alma se calou…Desisto de sentir…Não é de alguém que me afasto nem do tempo que passou…É deste sentir que nos outros, não viveu…Fiz da Procura a minha condição humana, nessas linhas que tecem coração, nas teias emaranhadas de pensamentos onde vivemos constantemente e nos horizontes de uma alma em silêncio, calada pela voz da incompreensão e da insensatez… Solto palavras soltas que nascem nas pontas dos meus dedos, escritas em folhas brancas como nuvens de algodão doce, trazendo o sabor das sensações esquecidas, das saudades daquilo que poderia ter sido e dos desejos que ainda persistem em minha alma, porque sonhar já é poesia…Sei que me perco nas entrelinhas, sentidos que só eu encontro, porque saber ler, nas frases escondidas, nas rimas de uma canção, num sorriso uma lágrima, nos sonhos que se acabam em cada madrugada… Há pessoas que apesar de tudo vivem em nós mesmo que nos ausentemos de sentidos, de promessas… Do silêncio em que a voz se cala para não magoar, nos gestos suspensos num segundo que os ponteiros de um relógio esqueceram de marcar, nas emoções que ainda sinto e nos desejos por revelar….Ás vezes esqueço-me de mim lembrando de outros, sempre que a noite se ilumina com o brilho de uma lua cheia onde as estrelas se espelham , porque o sonho e se faz de esperança em nós, queiramos ou não… Esqueço-me para melhor recordar o olhar dos dias que me fizeram sonhar, nas manhãs em que o sol me devolveu sorriso e nas tardes em que a chuva cai neste olhar numa tristeza sem fim…Lembro de pessoas nas horas que se fazem tempo passado, nas palavras escritas num futuro que nasce e morre no agora. Lembro para não perder as memorias de uma vida que passa e fica… gravada na alma com aquilo que um dia eu sonhei…Amar é isso procurar para não te perder… Esquecer-me para te lembrar… Aquilo que sou, por vezes não chega para mostrar tudo o que sinto. Fico procurando palavras para dizer o que o meu coração sente, e não encontro palavras que sejam o rosto do meu sentimento. Falta-me a coragem para inventar novas palavras que possam acompanhar o grito da minha paixão. Palavras que conheçam a intensidade deste sentido. Os sonhos existem para nos darem sentido à vida. Os sonhos são o alimento da alma. A forma exacta de ela nos dar conselhos. A maneira certa de ela nos mostrar o que queremos viver e assumimos perante o mundo, mas!!! É nos sonhos que vivemos sem medos. Ali não existem fantasmas que nos assustam. Nada nos trava e tudo pode acontecer. Ali sempre seremos felizes. Os sonhos existem para nos levarem até à felicidade de que tantas vezes desconfiamos e nos fazem desconfiar...Os sonhos não morrem, mas, por vezes, a alma precisa de adormece-los. Precisa de travar a nossa necessidade de sentir alguns sentimentos mais intensos. O nosso impulso para transportarmos para o sonho desejos que ainda não chegaram ao seu tempo. A alma adormece-os para que possam aparecer no momento oportuno. Na hora em que a vida os deixe de considerar futuros e lhes abra a porta para eles saírem. Sim, porque a vida não nos deixam antecipar futuros. Da mesma forma que jamais nos deixará sonhar sonhos antes do tempo. Os sonhos existem em nós e nós não deixaremos de os procurar. Sem eles a vida deixaria de ter sentido. A vida, apenas os calendariza-la, coloca-lhes um rótulo com a data e hora de nascimento. E eles têm de esperar. Tudo tem o seu tempo, até os sonhos.Seja qual for o seu sonho, comece. Ás vezes ousar não é correr atrás de ninguém, é sim, ser genial, ser humilde e admitir quanto erramos pois há sempre dois lados... Porque hoje quando me enfileiro entre os demônios, deixo guiar a vontade ao centro nervoso do meu interior, onde acuso o que decididamente me desorienta e ao mesmo tempo acomoda. Não dá para ficar à parte… As maiores mazelas moram dentro de nós, como uma doença adoece o nosso mundo, o olhar esse, fatigado anui a dor que vive à custa da nossa intolerâcia. Será possível domar o que nos eletrocuta com doses significantes de apatia? Sinceramente não sei, se ao menos a luta fosse abalizada com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se elevar, a dar vida às cores desbotadas pelo tempo, e mudar as vestes, os calçados... Esta mudança é interna ornamenta os caminhos com legitimidade, com a essência humana e necessária para dar novos tons ao que se pendura ao redor. Que a luz desacomode e finalmente intervenha pela mudança estritamente imprescindível à minha alma com destreza e delicadeza, sem causar vandalismos na pátria que construímos dentro de nós mesmos ao longo dos anos, Mas!! O mundo é reflexo de nós. Sua manutenção nem sempre é espelho de nossas ações. Os sonhos esse ficam cada vez menos ativos! Hoje o peito devora-me em saudade, alienando o silêncio para as profundezas. Por tanto tempo estive adormecendo minhas memórias para reciclar um pouco de paz. Contudo, hoje exalta a vontade de delirar os versos do que tenho sentido, porque nem sempre é possível, nem sempre há dia para desejar e noites para amar... Nem sempre há estrelas cintilando na arquitetura esplêndida dos céus; nem sempre há olhos para admirá-las. Nem sempre as palavras nascem e se intercalam com doçura. Mas quando elas surgem, surgem, e nem sempre há alguém para as lêr... Nem sempre há abraços. Nem sempre...Ne sempre há carinho. Nem sempre ..

terça-feira, 5 de março de 2024

Hoje estou incrédulo sinto que vivemos, de forma incessante, buscando uma realidade que resulte numa equação equilibrada, mas!! Fazemo-lo, muito frequentemente, sob os alicerces da imaginação. A imaginação é, assim, necessária até na equação de vida! É preciso criar uma visão para a própria vida e se possível, borda-la com um propósito e significado especifico, as pessoas não são todas iguais e não devemos medi-las pela mesma bitola! Tudo o que fazemos ou não fazemos, comunica uma verdade. Essa verdade pode envergonhar-nos, mas não deixa, por isso, de ser verdade, como também dela nos podemos orgulhar… Mas há sempre um espaço entre o estímulo e a nossa resposta ou se quiserem reação. É esse intervalo que compõe a pauta de um destino verdadeiro. Deveríamos, em decorrência disso, valorizar os intervalos como aqueles momentos em que, parados, podemos respirar profundamente, esvaziar a mente e decidir como queremos sentir-nos a cada momento. O intervalo é, sem dúvida, de confiança. Mas não aquela pausa corruptora, em que nos vendemos à insegurança, ao medo e ao desânimo. Não! Esse intervalo, apesar de sedutor, não merece a nossa devoção. Ás vezes temos de abolir o intervalo que se traduz em desistir de nós mesmos e da vida que todos podemos criar, cada intervalo dá espaço a que, nossas ideias, sejam o espelho da vida que queremos e podemos abraçar! Juro que tento entender as leis da raça humana, mas não fazem sentido. Oiço o que as pessoas dizem e baralho-me com o que fazem… Na minha cabeça, não bate uma coisa com a outra e há dias em que isto me desorganiza. Muita retórica, muita palavra eloquente e, no final, nenhuma consistência. Não consigo orientar-me nesta desordem. Sei que não tenho de entender tudo mas gostava de perceber o que leva as pessoas a serem egoístas , mentirosas, desonestas… Parte de mim sabe que metade desta ansiedade vem unicamente da minha própria existência, por ser muito critico até de mim mesmo….Mas observo muitas incongruências, afinal o ser humano é mesmo vulgar! Lutamos por coisas tão pequenas e insignificantes, fechamos os olhos a genocídios, fraudes ecoisas horriveis, a troco de quê? Esquecemos de onde vimos e hipotecamos quem somos. engolimos todo o mal que os outros nos fazem de forma gratuita, sem nexo, sem propósito, sem humildade… Não é humilde o que tem pouco, é sim humilde aquele que faz do pouco muito, e se alicerça nas pequenas coisas, valoriza a singularidade de cada momento e jamais esquece o poder de um sorriso franco. Mas ser humilde não significa aceitar tudo, morder cada sentimento como se nada doesse ou esquecer os caminhos da angústia. Significa sim, ver algo de belo ao longo do percurso, ainda que este seja sinuoso. Significa não permanecer onde nos ferimos, mas estar grato, pelo bom que retivemos e valorizar a vida, a magia do primeiro sopro de todas as manhãs, cada batida do coração que nos permite existir. Significa ser e sentir, em plenitude, desconstruir e nascer de novo. Tantas vezes quantas forem necessárias. Significa lembrar ainda assim, que, apesar de faltarem ainda tantas respostas, sentir a cadência do mundo na vibração a cada impulso que damosaos dias e isso sim é um sentimento bom, reconfortante, que nos devolve serenidade à alma, em momentos de tanta inquietude. Por isso hoje, fecho os olhos, respiro lenta e profundamente e faço de conta que tudo está no seu lugar. Talvez, quando os abrir, tudo esteja. Incluindo eu…

segunda-feira, 4 de março de 2024

Hoje visto-me da ausência...Uma palavra tão pouco mencionada e ao mesmo tempo tão presente no nosso quatidiano! Talvez, todos tenhamos já sentido ausência daqueles que vamos perdendo simplesmente porque a vida não se compadece com as nossas fragilidades em perder pessoas que foram ou são pilares nos nossos dias … Nunca se prepara um adeus. Qualquer que seja... Imaginar um adeus não nos habilita a compreender a tontura de sermos apanhados de surpresa quando perdemos alguém… Preparar ou impor uma despedida não nos ensina a dizer adeus mas, simplesmente, a preveni-la … Muitos vivem na opacidade dos sentimentos por pensarem assim, ao invés dos viver, tentam-se preparar para um fim que só nas suas cabeças existe! Há situações que não conseguimos evitar...Achamos sempre que poderíamos, deveríamos ter feito mais... mas acabamos por aprender a viver com a perda…Não sei se isso nos torna mais fortes, bem! Eu acho que não , mas é apenas uma opinião! Há também outros tipos de ausências...Ausência do tempo em que éramos crianças e a vida estava de portas abertas para nós. Claro que com a idade umas se fecham mas outras se vão abrindo, mas algures fica a sensação de perda de haver algumas coisas que já não nos pertencem e não, não estou numa crise de identidade ou idade, a vida é mesmo assim … Há ausências que nos são impostas e ausências que criamos, seja porque razão fôr. As que nos são impostas aprendemos a conviver com elas, outras acontecem por circunstâncias da vida e o ser Humano, que tem uma capacidade fabulosa de adaptação, lá sobrevive, redefine os seus objetivos de vida, ergue a cabeça e segue em frente. O grande problema é que por vezes a vida nos passa rasteiras e o que já estava assumido como ausente aparece do nada, e aí a confusão fica lançada. Nós, Seres Humanos, somos particularmente resistentes, no entanto nem sempre estamos preparados para as surpresas que a vida nos reserva, sejam elas boas ou más. Parei agora e reli o que escrevi e até me rio ao pensar que poderá este texto ser interpretado como uma qualquer mensagem codificada...que não é de todo!!! É apenas uma reflexão do dia de hoje, e dos últimos tempos, das pessoas que me são próximas. Mas para chegar ao cerne da questão falo das ausências que tentamos assumir, com toda a sua perda inerente. Assumimos conscientemente determinada ausência, pois no prato da balança com tudo devidamente pesado o resultado é que a ausência é menos prejudicial que a presença…Porque uns merecem tanto e outros, não merecem tão pouco! Temos dias que nos despimos dos nossos mantos, afastamos os adivinhos e mágicos, para ficarmos sozinhos em silencio, ante a nossa própria face, mas de todos os ausentes há aqueles que nos fazem falta , de mãos , de ombros onde o nosso coração desce as escadas do tempo mas não os encontramos , apenas avistamos planícies de silêncio, mesmo que os seus rostos estejam para alem do tempo opaco este jardim de silencio é de todos o que se faz mais ausente… Por isso meus amigos, nao devemos poupar palavras como, gosto de ti, és importante para mim nesta vida... Só existem dois dias do ano que nada pode ja ser feito, um é o ontem e outro o amanhã!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...