terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as divergências se atenuam que as pessoas se procuram quando entre elas existe sentimentos.Ainda não sinto as mãos cansadas, embora saiba que um dia virei a ter, as veias azuis à mostra, e a cabeça toda branca ao ponto de me esquecer daquilo que amo, mas um dia sei que irei esquecer isso tudo...Olharei para os que amo sem os reconhecer, porque um dia este processo de evelhecimento está totalmente concluido! A incapacidade de estar só é uma característica marcante de muitas pessoas na sociedade contemporânea, que reflete uma dificuldade de enfrentar o silêncio, a introspeção e a conexão consigo próprio, neste mundo que se agiganta... Estar só não se limita a um estado físico, é, também, uma condição emocional e psicológica, que exige maturidade e autoconhecimento. Aqueles que evitam a solidão recorrem, com frequência ao, saltar constante da sua vida social e das suas redes ou a atividades incessantes para preencher um vazio interno que, na realidade, não pode ser preenchido externamente...Essa incapacidade está, muitas vezes, ligada a questões mais profundas, como o medo de enfrentar os próprios pensamentos, a insegurança ou a dependência emocional. A sociedade atual valoriza muito a conexão e a interação, mas ensina muito pouco a importância dos momentos de solitude. Esta não deve ser confundida com isolamento, que é uma desconexão forçada. A solitude é a capacidade de escolher estar só, para se reconectar consigo mesmo, fazendo de nós mesmos seres muito mais serios perante os outros. Estar sozinho oferece a oportunidade de refletir, crescer e entender os desejos e sentimentos mais profundos de cada um. É na solidão que desenvolvemos autonomia emocional, aprendemos a lidar com as nossas fraquezas e encontramos força interna. Por outro lado, a incapacidade de estar só pode levar à dependência da validação externa, relacionamentos superficiais ou até mesmo a uma sensação de vazio constante. Talvez por essa razão, estar só não é apenas um exercício de autoconhecimento, mas também um ato de coragem. Exige enfrentamento de desconforto inicial e aceitação de que a solidão faz parte da experiência humana. Ao permitir esse encontro com nós mesmos, descobrimos que a companhia mais importante é a que cultivamos dentro de nós, porque os outros, quando precisamos deles, eles deixam de estar lá! Nos momentos difíceis, quando a vida parece pesar demais, a espiritualidade é como um abraço invisível. Ela nos lembra que não estamos sozinhos, que há algo maior que nos guia e sustenta. Não precisa ter nome, nem regras. Pode ser um sentimento, uma certeza íntima de que estamos exatamente onde deveríamos estar. Além de nos reconectar connosco mesmos, convida-nos a olhar para o outro com mais compaixão. Mas , isto não é reconhecer uma chama divina, nada disso, mas sim uma energia vital dentro de nós, que faz também que os outros em nosso redor também brilhem. E, assim, aprendemos a viver com mais gentileza, mais paciência, mais amor. Seja qual for o caminho que tenhamos escolhido para alimentar o nosso vazio, ele será o que faz o coração vibrar, o que acalma a mente e trás paz à alma. Porque, no final, a espiritualidade é isso... Um alerta de que somos mais do que aquilo que vemos, que há algo eterno em nós esperando para ser vivido...Vocês já sonharam com o futuro? se sim e o fizerem de forma intimista, é como mergulhar fundo no silêncio de vós mesmos e ouvir os ecos do que está por vir. É fechar os olhos e sentir os sussurros de possibilidades que ainda não têm forma, mas já habitam o coração!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Hoje reinvento as palavras desbravando-as como sementes sensíveis esbanjadas pelo destino incerto em fragmentos de papeis salpicados pelos sonhos amarrotados que resvalam nos dedos desavindos…. Esta doçura que as mãos vertem em palavras soltas nas janelas do olhar, são pomares de letras na confissão dos dias, porque, se um dia as pessoas que nós amámos e nos supostamente amaram se reunissem para elaborar um relatório sobre nós, de certo, que nenhuma estaria a referir-se da mesma pessoa . Porque o digo, talvez por achar que não amamos todas as pessoas da mesma forma! Quantas pessoas diferentes não teremos sido, ao longo da vida, relativamente àqueles de quem gostámos? Quantos seres se não terão corporizado num só, de cada vez que esse sentimento chamado amor despontou no nosso coração? Umas vezes, porque tentámos corrigir erros passados que não queríamos repetir. Outras, porque, sendo o amor agregador, recebemos muito mais do que esperávamos e tentámos retribuir. Outras, ainda, porque o pouco que nos davam terá secado a torrente que, no início, nos alimentava. Outras, também, porque o tempo e a idade vão emoldurando, pulverizando, singularizando, os nossos afectos. Na amizade passa-se algo de semelhante. O "outro" apresenta-se aos nossos olhos de uma forma diferente daquela pela qual certos amigos o veêm. E é essa singularidade que, juntamente com a nossa própria, selará uma relação que será diversa daquela que se estabelece com uma pessoa com distintas características. E vice versa. Também a forma como somos olhados dependem do olhar do outro, da sua capacidade de nos ver... Não serão, afinal, estes condicionalismos que fazem com que certos amores ou certas amizades durem uma vida inteira, ao contrário de uns ou umas que não deixam qualquer rasto? Quantas vezes não pulverizamos a nossa maneira de ser para nos adaptarmos às situações que julgámos ser as mais correctas, quantas!? Não fizemos bem nem mal, acho eu, tentámos apenas viver os momentos da melhor maneira que nos foi possível. Resultou? Nunca saberemos se, fazendo de outro modo, as coisas se teriam passado de forma mais compensadora no aspecto afectivo...Bem mas, a quantas pessoas eu não estou grato por terem cruzado o meu caminho, sem que elas, sequer, o saibam ... Quantas pessoas não encontrei, por escassos momentos na minha vida, às quais estarei para sempre grato, por me terem mostrado rotas que não conhecia! Quantas me magoaram mas, por isso, me fortaleceram? Quantas, nem sei mas, me tornaram mais justo. Quantas me ensinaram a amar sem que, à época, eu me tivesse dado conta disso? Quantas nem por mim deram e, a essa ignorância, devo alguma humildade no processo afetivo! De quantos bocados de todas estas almas não serei eu, hoje, feito? De muitos, certamente. Gente que nem sequer sonha quantas vezes, num agradecimento sincero, relembro tudo o que me ensinaram, fosse por vontade ou por ausência dela...

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Hoje não me contento em ser apenas metade, amar além da esperança e do medo, além de todas as esperas e das tardias lembranças...É olhar o amor em todas as esferas das frágeis pontes entre o ser e não ser, é vê-lo além de todas as certezas, da simplicidade de ser feliz, quando se faz outro ser feliz ao nosso lado... Hoje além de todos os desafios das surpresas que a vida nos traz, levo os caminhos que me motivam a cada manhã, pela alegria do abraço da chegada e da sinceridade do abraço da despedida, assim fica mais um pouco sempre em nós...Em todas as nossas vidas fica a nossa linguagem ou gestos porque infelizmente tudo se resume num instante... Na vida somos avaliados a cada palavra, a cada momento como se o mundo fosse um mundo perfeito, mas não é! De repente parece natural e inevitável o desamor, resulta sempre em mais desamor, já o amor apenas mais um espaço no coração! O sonho é a base da poesia, sem ele não há inspiração, porque quem escreve, sempre tem por primazia transmitir do seu sonho, a emoção e a magia que a sua mão desenha a cada fluir de versos...Em todas as almas há coisas secretas cujo segredo é guardado nos seus silêncios. São guardadas, mesmo nos momentos mais sinceros, quando nos abismos nos expomos, todos doloridos, num lance de angústia, em face dos amigos mais queridos... Porque as palavras que as poderiam traduzir seriam ridículas, mesquinhas, incompreensíveis ao mais perspicaz dos seres! Estas coisas são materialmente impossíveis de serem ditas... A própria Natureza as encerrou, não permitindo que a garganta humana pudesse arranjar sons para as exprimir, apenas sons para as caricaturar. E como essas ideias, entranhas são as coisas que mais estimamos, falta-nos sempre a coragem de as caricaturar. Talvez seja essa razão para nos sentirmos isolados em muitos momentos das nossas vidas, até à chegada de uma alma que nos compreenda inteiramente, e, saiba mutuamente tudo quanto em nós vive ...São das palavras simples, de frases não estudadas, de risos fáceis, de gestos espontâneos que tenho saudade...Gosto de um café a dois, de uma história de amor, da rouquidão do mar, do silêncio das estrelas, da pressa dos rios, da frescura das fontes, da estratégia das pontes, de números pares, de linhas rectas, da assimetria dos afectos, de um olhar meigo, de um sorriso de esperança, de amor a tempo inteiro, de verdade e temperança...Tantas coisas e outras mais que nos fazem ser parte de algo inteiro...

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Hoje o meu olhar encontra traços que me definem, seja num simples sorriso ou numa lágrima caída. É neste olhar que define o que podem esperar a cada gesto meu, acreditem que este olhar é também um pouco vosso, sinto a paz, neste porto de abrigo nos momentos em que precisam de mim, das minhas palavras, do meu abraço apertado ou simplesmente do meu sorriso. Reforço-me a cada segundo em que os olhos choram e precisam de unicamente luz, é esse o consolo, de um gesto de ternura que em mim perdura.É na sensibilidade do olhar e nas palavras, a ternura, a autenticidade, a paixão, dum coração aberto, quente que mesmo diante de todas as adversidades nem sempre consiga transmitir em gestos o que me vai na alma. Mesmo que diante de toda a suavidade pareça distante e nem sempre consiga mostrar tudo o que sou. Não sei ser frio nem o quero ser, não sou metade para pedir inteiro, não sou sempre a paz e a força que tanto admiram. No olhar trago uma imensidão de fraquezas, dúvidas, lágrimas, como um boneco de gesso que facilmente parte e que por trás de uma súbita noção de força deixa cair todos os pedaços de dor que o atormentam. Sou um homem de sentimentos fortes, de relacionamento fácil, amo as coisas simples da vida, amo as palavras que escrevo mesmo que por vezes não consiga dar-lhes um beijo, amo aquilo que sou mesmo que por vezes quisesse ser diferente...Tenho intensidade em cada gesto, em cada momento em que estou ao lado das pessoas que amo. Embora tímido em ambientes de multidão, gosto de uma boa gargalhada, uma boa jantarada, todos aqueles prazeres da vida que devemos aproveitar ao máximo. As pessoas que me conhecem à vários anos e já beberam de mim em ambientes mais íntimos e calmos sabem o que sou, conhecem-me de uma forma tão genuína, tão aberta, tão verdadeira, sem barreiras e fronteiras. Dizem-me que por me dar tanto sofro mais quando alguém me desilude, por não conseguir ter um pouco de frieza em mim sou susceptível de ter altos e baixos de estado de espírito. Mas diante da minha, por vezes exagerada, humildade e até alguma modéstia, não mudarei, não serei diferente para agradar a ninguém! Não gosto dos que percepcionando a fragilidade dos outros, se aproveitam e os usam. Não gosto da hipocrisia dos que se juntam a mim nas alegrias, nos momentos em que sorrimos mas depois se afastam à primeira dificuldade, à primeira coisa que não gostaram em mim, ao primeiro momento em que colocamos à prova a verdadeira amizade. Não gosto dos que se julgam melhores que os outros e diante da sua superioridade são incapazes de aceitar a diferença, o erro, de ver para lá daquilo que é o seu mundo pequenino em que se colocam. Não gosto do silêncio longo e demorado que me mata por dentro mesmo sabendo que um silêncio que acalma, que esclarece, pode ser doce e trazer de novo a vida...

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Hoje vivemos num mundo onde por muito que sonhemos, precisamos que o bem e o mal sejam nitidamente discerníveis, porque nele há o desejo, inato e indomável, de julgar antes de compreender. Sobre esse desejo são fundadas religiões ideologias e estas, bem!! Não se podem conciliar com o amor a não ser que traduzam a linguagem de relatividade e de ambiguidade dele, para o seu discurso dogmático... Hoje em muitos está contida a incapacidade de suportar a relatividade essencial das coisas humanas, a incapacidade de olhar de frente a ausência e cada dia que passa, se torna mais difícil de aceitar e de compreender...Não vale apena o afobe, o amor não tem pressa! Ele pode esperar em silêncio, fundo de um armário, nos sonhos mais longinquos, como estivesse no fundo do mar mais profundo, numa cidade submersa onde só os escafandristas o poderão encontrar! Talvez os sábios continuem a tentar em vão, decifrar o eco de antigas palavras, fragmentos de cartas, poemas, mentiras, retratos, vestígios da nossa estranha civilização, porque o amor, não é para já! As palavras são o brilho dos olhos, verdade, acreditem que é verdade! O que é um poema senão um telescópio do desejo fixado no olhar! Tem dias que as palavras parecem nunca faltar, a quem descrevem muitas vezes, como aqueles que sabem ler o coração e a alma, falta agora o jeito de contar as emoções que me queimam por dentro no momento de estar aqui, sem vocês e, portanto, com vocês. Sinto amor, carinho, revolução na alma, porque me reencontro, quando encontro as palavras que quero falar, quando meu coração se abre para dar o que ele precisa tanto receber, como um cego, que conhece seu caminho, mas fica agradecido quando uma mão se estende a ele... Tenho muitas coisas para dizer, e não pode ser de uma vez só. Sempre soube dar tempo ao tempo para realizar grandes coisas na vida. Tem dias que precisamos de joelhos flexíveis, verdade, de cabeças ora erguidas, ora em submissão. Precisamos aceitar o sol e a chuva, a brisa fresca e os momentos onde o ar parece ter feito suas bagagens e ido para bem longe! Tenho a consciencia que não posso desejar que o amanhã chegue hoje, nem fazer avançar a felicidade, apenas pressentir o que ela pode trazer...Todos nós precisamos dar tempo ao tempo e aceitar a idéia de que não somos só nós, nem estamos literalmente sozinhos, não temos de viver depressa demais. Os Deuses contemplam a nossa vida, guardam os nossos sonhos, o que tivermos que receber, receberemos...Porque, hoje até queria escrever mais, mas as letras prendem-me, não me deixam seguir a sequência dos sentires, não brotam como sementes, porque a terra árida não permite... Havia tanto para dizer, tanto para criar, neste mundo repleto de gente, que nem sei por onde começar. Dir-me-ão na vossa timidez vulgar, cai no nosso abraço, ai sim te tornarás Primavera, e não a terra semeada à espera de brotar...As vidas são cíclicas e as almas infinitas moléculas que se refazem e voltam sempre ao lugar de partida!

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Hoje até não tenho muita vontade de escrever. Nem mesmo falar. Há outras formas para tentar descobrir um mundo novo pela lente do nosso olhar! Sem pretensões. Cada um vê aquilo que pode ainda que estejamos sempre receptivos a ser surprerendidos pelo nosso olhar...As pessoas não sabem, mas o nosso cérebro tem caverna, grutas. recantos por onde passam correntes de mar com sabor a marés altas e baixas ao ritmo do bater do coração. Num fluxo ininterrupto é por ai que vagueamos, entre cavernas, grutas, mas...Há sempre um mas... Estreitar laços, no conhecer de novas emoções e sentimentos não é facil para nenhum comum mortal, embora já tenha perdoado a quem me roubou muitas vezes a minha paz, o sossego do meu coração, a minha paciência. Sim, já perdoei a quem me traiu, porque acredito que muitas traições não passam de momentos de fraqueza que algumas pessoas não souberam ser crescidas e seguras o suficiente para dizer um simples não, na hora de dizerem ou fazerem alguma coisa que mais tarde os levassem a que se sentissem mal com isso, os que não se sentem mal, acreditam que não irão ser descobertos, mas paciência, não deixam de sentir! Perdoei quem me abandonou, nas horas que mais precisei, porque sei que não somos todos iguais, e que muitas vezes esse abandono não passa de um sentir muito pesado, e que mesmo longe sofreram á sua maneira, depois de o perceber perdoei. Consigo perdoar muita coisa quando as consigo entender, e porque principalmente e felizmente não somos todos iguais, não sou um super homem, , nem lá perto, mas quando não estou distraído também me dou a esse direito, tento ouvir as palavras por dizer e tento compreender a razão de cada pessoa que amo, gosto e está ao meu lado. Isto tudo para dizer que, nos movemos como tigres numa jaula não conseguimos ficar mais perto do que isto, crescemos na nudez das pedras, crescemos e desmaiamos conforme as marés mas não somos barcos de carregar velas somos mareantes do vento das águas mais profundas onde há palavras que se envolvem em círculos no ouvido dos búzios! Temos tudo tão perto das mãos que nem lhe podemos tocar, só nos falta subir às pedras deste chão e impedir que as águas lá onde os olhos existem sem amparo, se consintam demoradas a assistir à passagem de um sopro de vento neste leito de sussurros repleto de degraus em escarpa...

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que trancou as sílabas na perfeição do dia, sem enfrentar o íngreme e noturno verbo que esmagou a raiva ao desbravar o vazio do lugar final! Demoro-me nas linhas das palavras, seco as letras, lentamente demoram-se-me os gestos, mais do que seria de esperar, na dimensão dos dias que os enleiam. Ignoro os nomes das coisas e as palavras enrolam-se. Presença inútil a da música que tanto gosto, petrificam-se as emoções e na espuma dos sonhos, dispo-me, gera-se o frio, igual ao de uma pedra sem ângulos nos dedos que ferem a coragem...Não há paz nem na sombra, nem nos claustros, que roçam a dor na demora dos gestos que Inquieta-se a lucidez, fermenta o rasgão no espelho, perde-se a semântica dos sentidos. Hoje é este exercício da escrita que faço, mas!! Este tem de ser um exercício de prazer! Podemos senti-lo como fonte de maior ou menor sofrimento se nos centramos nos nossos dramas ou nas nossas dores. Mas isso seria demasiada exposição trazida aqui a um lugar visível, por isso criamos, então, personagens vivas em metáforas,falamos por elas, porque elas, não se acomodam ao normal curso do tempo e declinam com o voar das folhas secas...Abrem a extensão dos mares, aconchegam as saídas do tempo, em pequenos nadas que transformam em grandezas de encher vaidades. Hoje neste ato criativo uso apenas as palavras de sentimento, em distracções de bem-estar e anseio, em exercícios de representação do que não foi mas podia ter sido, em projecções dos nossos desejos ou dos desejos dos outros, já que os adoptamos e adaptamos. Quando existe um eclipse existem dois corpos celestes, dois centros,mas nunca sabemos qual dos dois corresponde ao que está para além do nosso olhar. Não me levem a mal, os que, pensam, os que acham, os que julgam, os que pressupõem, os que se acham no direito ou na posição, ou sem posição e a torto… de me julgar, de censurar, de caluniar em vão. Não sou pessoa de me reter por pressuposições alheias. Não me intimida o olhar de quem nada me diz. Se é liberdade que todos anseiam, dispam-se das leis que não fizeram. Tolos são aqueles que pensam que podem a alma aprisionar.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Hoje vejo esta luz intermitente sigo-a e não paro, mas quando o sol declina e a espuma se atravessa nas palavras… Começa a Vindima de ilusões, composição filtrada, para além deste céu onde a luz não pesa, mesmo que esteja quase apagada! Todo o passado fica sujeito a um inventário, enquanto o futuro faz-nos reféns. Sobra o passar dos dias, a sucessão das noites e a curva perante a prática, onde eu apenas tardo diante das letras impressas não por desamor ou por inércia mas pela proporção dos sentidos. É na inquietação antiga do querer e do não querer, que folheio as palavras e verto-as depois. Bebo-as, servindo-me delas para agitar a seiva nos meus dedos e ao senti-las percorrer todos os lados do meu corpo detendo-me na sede satisfeita ao deixar sair das mãos desenhos que os dias vão compondo! Hoje basta-me seguir a direcção das minhas mãos abertas vertendo-se, em letras fáceis, nos degraus do meu prazer... E em dias cheios de planos destruídos este é o único amor a que me rendo...A única cedência que acabo por fazer! Volto a olhar essa luz intermitente, vou e volto como um farol que não se cansa de rodar e rodar e rodar sem vacilar, sem nunca parar...Em mim! Remexo nos meus bolsos vazios, é ai que vou encontrar as histórias planas que aí colocara pela insignificância do dia, ou pela sua dimensão de esboços mal começados e que as vou enchendo de palavras como se enchesse de sentidos uma coisa sem forma, sem rosto, mas que me leva ainda assim a tentar algo criar...Digo ainda que podem ser histórias de partidas, histórias, rumos ou de feridas causadas pelo romper dos sonhos colados à pele. Histórias de desejo. Histórias que com vento,fizeram em mim a projecção do ser no ser ou noutros seres cujas vidas se decalcaram no plano da minha ou noutros ainda que, tenham entrado na janela do meu recordar sendo que tudo o que se recorda está em confusa arrumação numa arca de criações múltiplas. Por isso são sempre histórias...Opto por abraçar-me a mim mesmo e deitar-me no peito das estrelas ...

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Hoje vê-se o mar da cama, e à volta desse mundo, os sinais de uma vida descuidada, deixando cair o copo da mão e a boca ou o olhar tentando prender um gosto, que a janela aberta, deixa trespassar pela paisagem bêbeda, com a terra ancorada no horizonte do olhar, decrépita discutindo com o vento, enrolando-se como quem se converte em poeira… As ondas revoltam-se contra as águas que já nem se defendem desse seu sal afogado. A luz do dia de hoje não cumpre horários, vem vagueando à superfície do céu meio ausente, parece que o mundo revela sinais de se acabar! Faço as malas, bebendo águas claras com um som que se intromete nas veias, essas amadas estruturas do corpo que se resguardam em tão poucas linhas com a sua lealdade eterna às coisas ásperas…Elas sabem dispor secretamente as intimidades da paisagem no seu exato lugar. Fiz as malas e saí, arrastando tudo, mas não encontro a noite, o seu timbre, essa pura distância com estrelas, que parece não ter fim, mas apenas nos chegam uns restos, à noite levantada outra vez como uma torre, tudo o que oferece luta antes de por fim… Hoje a noite e o silêncio volta a fazer-se alto, e eu foco-me em tudo de bom, escuto as melodias perfumadas de maresia, daquele mar, iluminado pelo manto do luar, que afagam meu sentir em carícias de fantasia, segredando que a alvorada será eterna em mim! Porque, apetece-me navegar na serenidade, das ondas da minha felicidade, esquecer as horas esmorecidas, dos dias de sol apagado, pelas angústias caladas! Apetece-me absorver o ar da maresia, das minhas saudades, fechar os olhos às tempestades, dos desalentos vividos!Sim porque todos os temos, mas!! Apetece-me escutar os murmúrios das fontes de águas cristalinas, cantando sentidos, jamais esquecidos! Apetece-me pensar no futuro sem o desalinho das consciências, e deixar que este tempo presente, se dissipe entre nuvens de esquecimento! Hoje nesta noite volto a ser irreverente ergo as mãos como quem consegue fazer com elas a paz e a guerra, porque há mãos que são para cultivar a terra e outras as que afagam os sonhos...

sábado, 28 de setembro de 2024

Hoje o tempo corre na nossa margem, e sem nos violentarmos, voltamos costas ás desordens pré-estabelecidas que as palavras e os seus multiplos silencios descompassados nos deixam nas mãos...Apredemos com essa forma de estar, a habitar, nas catedrais vazias do nosso olhar, no abstrato da vaidade que nos deixam infinitamente frágeis e pobres perante o imprevisto...Estou cansado, atingi hoje o mais um limite,que está continuamente a ser renovado, hoje gostava de comofecha os olhar, como quem dorme deixando de existir! O cérebro, não tem força para retomar o controle do resto do corpo órfão! Sinto falta do verde das árvores, neste caminhar que ignora a perfeição até de forma ofensiva, da cinza espalhada pelo caminho deste bosque... Eu gosto de me lembrar dos amigos, isso gosto, e sinto saudades deles todos, e é desse modo que diariamente lhes reafirmo a minha fidelidade. Assim, só em lembrá-los, os amo. Amo mais gente, como negá-lo mas excluo o adverso, ainda que, cada vez me sejas mais disperso e ilegível. Muitas vezes, embalo meus vivos, os meus mortos, muito junto do coração, e rio, e choro...Este misto de sentimentos que colidem no meu olhar quando , ouço música, vejo um filme, ou simplesmente naufrago na intensidade de tudo o que cabe num simples pensamento ou até mesmo num poema! Os poemas quase sempre estão a abarrotar de tragédias, pressinto-as, mesmo que belos, os versos sejam, por isso cada vez mais, admiro os poetas que leio que já li, são magníficas as cidades que os habitam, em momentos de lenta clareza é possível alcançar, sob uma luz imprecisa, a janela de uma dessas cidades...É ai que, julgo poder apanhar pequenos fragmentos da luz palavras que devoram o prorio criador...Somos feitos de palavras, elas são a nossa única realidade ou, pelo menos, o único testemunho da nossa realidade! As palavras são agora árvores altíssimas, tão altas que seus frutos existem apenas para além da extensão dos meus braços... A luz que delas irradia é sombria, mansa e misteriosa como os dardos luminosos que caem na floresta, ao sol pôr. É um inigma cada letra do alfabeto cada voz que se desnuda, lhes dá um tom diferente, junto todos estes ramos caidos destas árvores, como lenha para acender o lume do poema que percorre um manto de silêncios carregado, de vegetação rasteira, sob os meus pés indecisos...

domingo, 22 de setembro de 2024

Hoje com ponto por ponto, vou costurado, a fachada deste meu coração, mesmo sem nada ser espontâneo, mantenho.me no caminho sem ceder ao desvio, para no sinal de hesitação, mas… sei que não. Leio-me sem pausas e sem pressa , pois o trilho que percorro ainda tem luz para penetraer no meu coração... Imflamam-se os vitrais do olhar, desta vista cansada de espaços, numeros, silêncios onde as palavras nem sempre são juvenis! Deixo continuamente um espaço em branco, entre linhas como um verso em declinio nas estrofes que precedem o infalivel ponto final que com idade, são como espinhos ou pequenos ciclos que nos mostram diferentes visões de um mesmo caminho! Como se apenas mudassem as janelas por onde espreitamos, mas fossem os mesmos momentos os visitados, bem como os olhares a visitá-los. Quando as mãos se reencontram o tempo, ficara gravado por entre os dedos, sonhos que se não fizeram, sequer se ponderaram a pulsar de intensidade, como se chorar, assim, sem vergonhas oferecesse um amanhã, para, outra vez fazer tudo bem, ou talvez aprender mais um pouco... Sinto que somos donos de um privilégio, quando escutamos o nosso interior, e a isso eu chamo de, alquimia onde e teimamos em asfixiar o pensamento. É neste agora que perante todas as estradas só podemos decidir ir frente, por uma qualquer mas nunca esquecendo de onde viemos! Se conhecer-mos outra dimensão, que uns lhe dão nomes que não entendemos, como vamos conseguir juntar as peças todas e construir-nos de uma só vez?! É tao confortável sentir-me em silencio, atirar as minhas mãos, e desafiar o vazio… fica mais fácil, desprendo-me do sentido e aceito-me por um momento, as mãos libertaram-se do momento e fizeram o passeio do tempo. Entre o nada e o agora, poucas coisas são tão belas como a liberdade. Um forte abraço com sabor a tudo percorre o sentido das letras que se juntaram, o imediato parece diferente, visto de perto! Sonhámos com montanhas, porque lá em cima tudo parece possível. Pois quando alcançarmos a planície seremos apenas uma memória. As mãos baixam, o peso dos dias, aniquila a imagem do sonho foi tanto e depois apenas tudo aquilo que é. Hoje tenho em mim a cor dos tempos, desse feito de momentos, em que os sonhos eram querer e a vontade era poder. Tenho as lutas e os instantes, em que o exausto me quebrava, pelo medo dos passos que ensaiava. Tenho os risos e alegrias, dos momentos que busquei e o orgulho assumido, concreto e tão definido de tudo o que conquistei. Tenho as dores do que perdi, dos meus sentires intrincados, das palavras mal empregues, dos sonhos alinhavados. Tenho universos de estrelas, em brilhos de amizade, partilho sentires feitos de verdade e isso para mim é morrer de amor e ainda assim, continuar vivendo!

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Hoje o rugido mudo das estátuas de pedra e ferro, na minha vida pulsam neste turbilhão de gente apressada, talvez seja o sol ou a sua Luz excessiva, talvez, não sei! De súbito, espalha-se no ar o desalento de sonhos mal nascidos, mas, os passos passam, traçam roteiros nos olhares que mal se cruzam, que mal se tocam nestes mapas de vida onde as linhas pateticamente paralelas se refugiam, solitárias, ao som de pequenas notas musicais. Aqui na rua debaixo dos candeeiros desabrigados, que acendem-se em falsos sossegos e o chão, converte-se num imenso tapete rolante...É ai que as minhas utopias, descem dos céus pela gravidade que me amplia e abrevia na distância que o meu nome carrega na secura dos labios do desassossego ... Tem dias que engulo a vida como um chuvisco onde a voz derrama-se no coração num ruido de tudo debaixo de uma claridade de ti minha filha...E inspiro, e expiro mais devagar, não vá a aragem querer desdizer, como tantas vezes desdiz, a consistência do instante. Nenhuma palavra ousa a subida aos lábios. Fico imovel, como vidro frágil de candura e silêncio, que pouco me define...As minhas mãos mendigas, as nossas, agarram-se à insuportável ternura dos dias, que tanto tem faltado paulatinamente, apenas pergunto porque!? Sinto-me longe, do lado aveso do coração , mesmo estando na sombra do equilibrio das mãos que razam as folhas caidas que o vento arrasta nas vozes que nos libertam de uma existencia minima...

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...