sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Hoje sem sumo, a noite caiu com a cor de uma laranja cinzenta, seca, sem sumo e extenuada pelas cores que agarraram o dia, cheio de imperfeições. Não há caminhos traçados, nem trilhos calcados. Assiste-se a um vazio que perdurou pelo dia fora onde os silêncios escutavam-se nas esquinas das casas em banda e preciosamente dormiam na poeira de talentos que já não vêmos nas ruas de outrora...O tempo passou por aqui, levou quem na teimosia de uma vaidade sem prazos, se fez Outono de hábitos despidos num inverno de alma gelada. A noite derramou nos céus sem estrelas que outrora brilhavam nas noites laranja espelhada no mar numa paz sumarenta mas sem sensações! Olho para os céus e flutuam as vagas de silêncio num remexer estonteado de olhares de seres vegetativos que as palavras iam dando vida, recordo genuínos sentires de figuras prestigiosas, uns chamavam-lhes amores outros, páginas colocadas no ser onde os olhares, queimavam e rescindiam o poder das cores agarradas ao areal seco sem marés...Hoje uno as palavras que, transfiguraram as alucinações em energia, os olhares concebiam o corpo, as mãos moldavam o esforço dos espaços diurnos e as pedras formaram o sorriso da razão....Hoje desta janela fértil nascem palavras que fazem sorver sentidos, num olhar que fala em silêncio onde as palavras tem todas o nome da eternidade, hechando-se sobre um corpo parado nas águas, entre os espaços para assistirem ao grito do fim do inverno que ressoa entre formas mudas, delicadas, impregnadas de delírios imaginários no fim dos ciclos da vida... Quando alguém parte em silêncio e o transforma em sons vergados, sensíveis às palavras vivas, atrás fica uma vida, remexida desabaladamente numa leveza, estrangulada entre dedos olhares enfeitiçados sobre o relgio da vida...Fecho as gavetas onde murmuram frases ríspidas e frias que o vento arrastou soprando pelas vozes silênciadas pelo fim da vida que se desejava, invencível, leve e morosa ! O amor é assumido num jogo único, de pensamentos, espelhados num sorriso de peito aberto no fio que liga as veias, ao abraço triunfante, que se tornou imortal, entre palavras que passaram a correr e fizeram dos olhos fasquias de sonhos, que o tempo vai devorando, para que um dia, não restem mais, asas dentro das emoções, que lentamente, deixei que partam, silenciosas, carregando promessas nos desertos de deslumbramento, que, sempre me cegavam, quando bebia o azul, dos céus perseguindo estrelas cadentes...

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Hoje a minha caneta move-se pela página da vida como o focinho de um estranho animal que tem a forma de um braço humano que sai pela manga larga da camisola...Ela vai farejando incessantemente a tela da vida, determinada, como se pensasse apenas nos sentidos que os dedos vertem perante esta muralha ingreme que é a vida! Obrigo-me a escrever mais umas poucas linhas, enquanto espreito pela janela, as sombras hoje são marionetas articuladas que nos fazem não saber como reagir quando, passados vinte anos, uma pessoa que nos magoou muito, nos quer pedir perdão? Pedir perdão não é a mesma coisa do que pedir desculpa. De facto, pode perdoar-se algo, continuando a considerar que o gesto que se perdoa se mantém indesculpável...Aconteceu recentemente comigo e, a minha primeira reação, foi nem sequer admitir falar sobre o assunto. Mas perante a insistência, pensei com a cabeça e não com o coração. Este não desejava ser importunado, com algo que o tinha magoado.. A razão entendia que se alguém se queria redimir de alguma coisa, eu deveria permitir essa possibilidade e escutar o que importava que me fosse dito. Demorei meses a tomar a decisão racional, tentando não esquecer o que, na época dos acontecimentos, também tinham sido atitudes de grande estima. Este domingo, por razões várias, veio-me à mente, a luta interna que tive de travar para aceder ao tal pedido de perdão e a sensação com que fiquei depois de o conceder. Por formação, o perdão é algo que faz parte dos valores em que acredito. Mas também é verdade que, não sendo eu santo, há traições que me custam a deglutir. Prefiro pensar que a pessoa não existe e não me deixar dominar por sentimentos negativos. Pois bem, só ontem, domingo, é que tive a consciência plena do perdão que havia concedido... Mas senti-me tremendamente confuso, o detonador continuava a existir, mas já não tinha qualquer força. Há coisas que já não fazem muito sentido nas nossas vidas, deixam de incomodar que tivessem acontecido mas permitem que eu pudesse relembrar os momentos de alegria que também então vivi! Resumindo isto, digo que a família é um prato difícil de preparar, são muitos ingredientes, reunir todos pode ser um problema...Não é mesmo para todos...Às vezes, dá até vontade de desistir, mas confessso que a familia é um prato que emociona. Uns, choram mesmo, de raiva, alegria , tristeza ...Mas!! Familia é afinidade, é à Moda da Casa, cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces, outras, meio amargas, outras apimentadíssimas, enfim, receita de família não se copia, se inventa. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete, então, Amem-se, perdoem -se, aceitem-se, tolerem-se e vivam como se hoje fosse o último dia que vocês vão estar com a vossa família...

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

After You Hoje, abrigo-me na certeza de que nunca posso descansar sobre um assunto, ainda que uma parte de mim assim se mantenha, fico sempre de forma subtil, alerta! Pela janela aberta entra o barulho da rua, vidas que se agitam para mais uma semana que ja a meio vai. Por entre a erva alta do jardim saltitam lado a lado pardais, melros, arrepiados do frio suportável mas inesperado, e os ramos que dançam felizes ao vento fraco, cobrindo rebentos da cor da mudança de estação. Em breve o ar encher-se-á de bolas de pólen , ja não falta assim tanto, para vermos a voarem como flocos de neve ou borboletas distraídas, e as primeiras andorinhas chegarão finalmente, altivas. Em breve...O café que bebo à janela não é suficiente para me convencer a sair à rua. Em vez disso, faz-me procurar o aconchego de casa, do casaco quente, da manta macia. Faço somente o essencial, e decido que hoje o dia será dedicado ao descanso sereno, à transparência da fé, do acreditar, ciente de que as nuvens que cobrem o céu podem também ser apreciadas pela sua singularidade e beleza próprias, mesmo que não deixem o sol aquecer corpos e almas. Olho as horas e certamente uns ainda dormem até tarde,mas prefiro assim, a mente se mantém cheia de afazeres, não havendo espaço para as coisas frágeis, próprias do mundo do sonho, do imaginário. Contudo, sei que os outros também sonham, também esperam e acreditam, mesmo que a parte mais rebeldede de nós negue tais conceitos.Tanto faz! Eu ja conheci esse lado que muitos empurram para o limbo obscuro dos dias e das noites, tentando fingir que não existe, e é precisamente esse lado de mim que me leva a sentimentos que ainda hoje me agradam, e que têm a sonoridade quente de uma voz. Hoje declaro paz a mim mesmo, trago esses sentimentos ao de cima, juntamente com o lado sensível, que escondemos de muitos até de mim mesmo como um mapa de um tesouro que jamais deve ser encontrado,jamais! Na minha imaginação, divido o calor da minha manta macia com as nuvens que se afastam agora, sob o poder de um sol que teima em brilhar à vistade todos. Deito-me no deserto das minhas mãos, enrolo-me no espaço dos braços que me seguram, cheios de galáxias mais antigas que este mundo, e reconstruo-me, enquanto uns contam histórias de vidas passadas ...Sabem do que eu gosto...Do eco de uma voz pelo meu corpo sem rumos nem becos. Numa sentida provocação, sem pressas. Agarro cada palavra e deixo as sílabas à solta por dentro de mim como, mapas, bússolas, ampulhetas que me prendem! O grito vazio da manhã virá como improviso, aurora desfeita pelas naves que partem para universos longínquos levando a história da Humanidade como uma bandeira...Mas até lá é noite ainda ... E este deserto sem mãos onde me deito, ergeu o espaço dos sonhos que me seguram, eles, ainda são o calor que acende muitas almas por aí retira o poder ao passar do tempo. Até lá, pertenço apenas ao universo dentro da minha imperfeição na calada da noite.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Hoje está muito frio. Num céu que aumenta a sensação de vazio, já brilha a primeira estrela, enorme! Estamos na era das estrelas. São biliões, só na nossa galáxia, mas um dia todas elas apagar-se-ão, uma a uma, mas por ora enchem os céus, os cadernos dos poetas e os corações dos amantes, em forma de amor puro. Os anjos estão por todo o lado. Não os vemos, muitos deles escondem-se dentro das pessoas. Nesta noite, também eles observam as estrelas. Mas!!Sabem mais, muito mais do que nós, humanos, muito mais do que os astrónomos e os astrofísicos, os filósofos, os céticos e todos os religiosos. Faz-se tarde nesta noite que cumpre desígnios por nós desconhecidos, o frio adensa-se. De longe, de muito longe, num lugar escuro, silencioso gelado, observam-nos as estrelas também. E de lá do alto, onde as estrelas medem forças e moldam a realidade, a noite cá em baixo parece maior, um gigante vazio cheio de nada, onde a raça humana mede também ela forças, tenta moldar a sua realidade e a dos outros. Mas!! Continuamos sem saber nada, suspeitamos de muita coisa mas penas existimos. É essa a nossa condição. Ecoam as nossas palavras em paredes de gelo e só os sonhos me aquecem nestes dias... Porque as palavras são indefesas, gelam assim que embatem nessas paredes geladas feitas de céus negros e ocos. Por isso, deixa as palavras repousarem no silêncio onde elas pertencem neste momento. São elas a quem peço que me perturbem numa doce inquietação, que me agitem os sentidos e que escrevam ousadas mensagens em forma de prosa que se converte em calor, acima de tudo, quando as paredes de gelo derem lugar aos muros caiados de branco, cheios dos reflexos dourados do sol no pico do verão! Já não há mãos que se deem às minhas, mas ao menos, que todas as palavras continuem entre nós como estações do ano, não importando nunca a cor do céu ou as paredes onde essas palavras embatam. O dia ficou cinzento, manhã está fria, chove lagrimas neste céu cinzento e pesado, escurecendo o arvoredo, os caminhos, os bancos de jardim vazios e as horas que marcham indiferentes ao tempo...Contrapondo a isto tudo, há pessoas que parecem carregar uma luz interior tão intensa que, mesmo sem disso se aperceberem, iluminam o caminho de quem está ao redor. O seu brilho não vem de algo superficial, nem se limita a sorrisos ou palavras de incentivo. Transborda em gestos sinceros, na empatia natural e na forma serena de se relacionar com o mundo. São indivíduos que acolhem, compreendem e enxergam a beleza nas pequenas coisas do dia a dia. Isso é o que torna essas pessoas especiais, é a capacidade de confortar e inspirar sem julgar. Elas reconhecem que cada ser humano enfrenta as suas próprias batalhas e se abrem para ajudar, sem esperar nada em troca. A luz que carregam não se manifesta apenas na alegria, mas também na serenidade em momentos difíceis. E, mesmo quando atravessam momentos difíceis, elas seguem fortes, guiadas por um sentido de propósito que ultrapassa o entendimento comum...Ter alguém assim por perto é um presente que não tem valor, é perceber a importância de compartilhar palavras de carinho, um abraço aconchegante ou olhares de compreensão. Essas pessoas com luz lembram-nos, diariamente, que é possível transpor barreiras e, principalmente, que a esperança se fortalece, quando encontramos força uns nos outros....É apenas isso que preciso hoje!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Hoje falo da felicidade, esse sentimento que muitas vezes procuramos, de forma desmedida mas ianda assim, foge-nos das mãos sem a vivermos em pleno...julgo que é algo que se contrói, muitíssimo devagar, com cautela. Porque o que nos tornava felizes aos vinte anos tem muito pouco a ver com aquilo que, hoje, nos satisfaz. E, possivelmente, será diferente do que amanhã nos tornará venturosos. Mas!! Algo, contudo, se mantém na minha existência. É a vontade de tocar a felicidade. Julgo que ela jamais me abandonou. De cada mágoa fiz sempre um exercício de ultrapassagem. E foram várias, as vitórias que conseguidas apesar de todas as adversidades... Chegada a uma fase em que muitos esperam pelo fim, eu ainda sonho com o que me falta fazer. Por idiotice? Não sei, mas talvez por pura convição de que essa é a minha única forma de viver. Por isso me espanto com amigos que, na escalada da vida, se demitem de lutar por aquilo que, acreditam, e os tornará mais afortunados. Porque "já" não vale a pena. Como se a vida tivesse chegado ao fim, mesmo antes de ter terminado! Não serei um homem totalmente feliz. Mas sou, seguramente, um felizardo que, a prestações, soube sempre o que era a felicidade e me recuso a dela abdicar! Posso até fechar os olhos para escutar o meu interior. Entre as promessas que fiz para mim, carrego também as que quebrei! Percebo, contudo, que é nessa humanidade falhada, que encontro potência para recomeçar, voltar a tentar... O ano pode não ter chegado como uma brisa que afaga o rosto, ainda assim, vou carregando a possibilidade de ser, de criar, de sentir. Respiro fundo, deixo o pulsar do presente lembrar-me de que cada segundo é um convite a abrir portas, a acolher o desconhecido, a renovar-me já que ao abrir os olhos, não vejo apenas o calendário mudar. Vejo-me a mim mesmo a entrar num novo ciclo, que como o verbo, diz, renovar conjuga-se todos os dias...E esse fio de luz que rasga o silêncio em que a alma se encontra em alguns suspiros! Há um instante em que tudo parece suspenso nesta vida, o tempo dobra-se, e cada batida do coração carrega um misto de emoções e é nessa fronteira tão subtil que, sinto-me como se dançasse na beira de um abismo, mas sem medo de cair, apenas a plenitude de estar vivo, ainda que a vida seja feita de incertezas não me escondo dos desafios que os dias me colocam...

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Hoje falo da intimidade, sendo que a palavra implica, uma habilidade pessoal para ter coisas em comum...Mas, não confundamos entre “íntimos” e “próximos”, que são conceitos muito diferentes. De facto, tenho vários próximos, por educação, gosto, admiração... Mas íntimos tenho muito poucos. Talvez mesmo só tenha dois e com um tipo de intimidade diferente com cada um deles! A intimidade é um sentimento que se cultiva, que se aprofunda e que em certos momentos quase, se torna como uma espécie de extensão de nós próprios...É complexo definir intimidade! Ela varia de relação para relação e pode, inclusive, num mesmo relacionamento, amizade, ir tomando aspectos diversos ao longo do tempo. As minhas filhas foram e são os meus mais próximos, mas não são os meus mais íntimos. E, pensando bem, creio que a intimidade, no sentido que lhe atribuo, que está na nudez da alma de um face a outro, não deve ser a tónica mais importante do sentimento que une pais e descendentes. Todavia muitos acreditam que esse sentimento comporta uma forma de intimidade emocional. Mesmo que assim seja, a própria natureza da relação pais/filhos impõe certos limites, que levam a que nenhum dos membros se desnude inteiramente face ao outro. No entanto, aqui, a diferença geracional também pode ser factor inibitório. A maior parte das vezes, julga-se que a intimidade está ligada ao sexo, pelo que o desejo mutuamente satisfeito e os eventuais sentimentos de afecto daí decorrentes, podem ser confundidos com ela. Noutros casos a intimidade manifesta-se sob a forma de momentos partilhados. Porém este tipo de partilha é comum também aos que nos estão próximos. Assim, parece-me que a intimidade nasce em primeiro lugar daquilo que nós estamos dispostos a partilhar com os outros e depois da escolha desses outros. Ora é na diferenciação deste sentido que irão colocar-se aqueles que são íntimos e aqueles que são próximos. Por tudo isso eu digo que o amor não é de todo um ornamento, é sim um impulso divino que irrompe pelo interior de nós mesmos , surpreendendo toda a nossa humanidade, recriando-nos, ampliando-nos, expandindo-nos em gestos que nos melhor definem...Talvez seja essa a razão para o amor ser para mim o estado em que somos nós mesmos com mais satisfação.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Hoje recordo-me do que uma amiga me perguntava, há dias, o que fazer quando alguém desistia de nós. Conhecendo eu bem o seu pragmatismo, a questão surpreendeu-me. Disse-lhe que sabia pouco e cada vez menos da alma humana, portanto nada lhe podia adiantar. Com efeito, nunca desistira de ninguém, bem pelo contrário, o que talvez também não fosse de recomendar...O que sabia, isso sim, era como desencantar-me de alguém, o que não era bem a mesma coisa... Podemos levar anos a guardar um amor, a conserva-lo, a alimenta-lo e, de súbito, sem esperarmos, a vida colocar-nos na posição de vermos esse amor noutro ângulo, que sempre lá esteve, mas nós nunca quisemos descortinar. Numa comparação demasiado fácil, era como guardar durante bastante tempo uma flor que simbolizasse algo de muito importante e não dar pela passagem dos anos sobre ela e, sobretudo, também sobre nós. Um dia, sabe-se lá porquê, é necessário abrir a caixa e a flor está lá, mas quase reduzida a pó... E só nesse momento é que percebemos que o que guardáramos já não existia. Invade-nos, então, um misto de tristeza e de alívio, com o qual iremos fazer o resto do nosso percurso. E, eventualmente até, rescrever o passado e dar um novo valor ao presente. Disso, felizmente para mim, eu podia falar, porque fora uma utilíssima aprendizagem, que, no fundo, me tornara mais realista, mas me não azedara, porque fora resultado de uma escolha minha. Ao invés, quando alguém desiste de nós, não sendo nossa a escolha, deve doer bastante mais. Curiosamente, a minha amiga acabou por me dizer que, de modo indirecto, eu lhe havia respondido à pergunta!Com isto posso dizer que há pessoas amáveis, admiráveis, viciantes, são assim: expressivas, expansias, esplêndidas e por essa razão, ficam a navegar no nosso sangue, porque se cravaram além dos olhos e da pele, na alma. E lá, vivem para sempre. Até nos reencontrarmos... A vida contém infindas surpresas e o amor é a maior energia do universo, para as experênciar, vivam-na!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Hoje há algo de pessoal no final de dezembro. Não se trata apenas de olhar para trás, mas de se reconhecer no que veio antes, sacrifícios, batalhas, anseios de liberdade que, de algum modo, encontram ressonância em cada desejo íntimo de ser mais, de ser inteiro. As pessoas talvez não pensem diretamente nisso, mas o espírito está lá, em cada brisa gelada que roça o rosto, em cada respiração profunda que acalma os nossos sentidos... Este final de ano, também pede aconchego, talvez uma chávena de chá perto da janela ou um passeio em ruas que se fecham do Natal. Um dia para lembrar que, entre os grandes gestos da história e os pequenos gestos quotidianos, há uma linha invisível que nos une a todos, essa linha se reforça na independência de um gesto e se entrelaça com a fraqueza interior de cada um. O final de ano é apenas a celebração do que é possível, do que se conquista quando não se desiste de si mesmo, um convite a lembrar, a sentir, e, sobretudo, a continuar abrindo os braços ao que está por vir! É nessa espiritualidade que nasce como um sussurro dentro de nós, aquele chamado suave que nos convida a olhar para além da correria diária e nos conectar com algo maior. Não importa como a chamemos... Fé, propósito, luz interior, ela está ali, esperando ser notada, como o nascer do sol que insiste em iluminar o dia, mesmo quando não estamos olhando! Hoje o dia desponta envolto numa bruma quase poética, como se o calendário sussurrasse uma pausa para reflexão. É um dia que, para mim carrega a memória de um eco distante, onde não reclamo o direito à minha identidade, à autonomia, à história, para alem de todas as palavras e datas, o final do ano traz consigo algo mais, a intimidade do recomeço, porque, nos momentos difíceis, quando a vida parece pesar demais, a espiritualidade é como um abraço invisível. Ela nos lembra que não estamos sozinhos, que há algo maior que nos guia e sustenta. Não precisa ter nome, nem regras. Pode ser um sentimento, uma certeza íntima de que estamos exatamente onde deveríamos estar...E, hoje as ruas parecem dialogar com o silêncio da noite. Os passos que cruzam as calçadas ecoam mais alto, como se cada um carregasse consigo um pequeno pedaço do passado, da memória coletiva que molda o presente, num encontro entre a força de um grito e a quietude da introspeção, porque sou apenas um pequeno poena de uma pagina, com espaço para muitos outros...Boas entradas e sejam Felizes

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Hoje sinto algo de intemporal nos sorrisos e nas memórias, que se vão diluindo pelo tempo passa, enquanto os rostos mudam e os cabelos ficam grisalhos, há momentos que permanecem intactos dentro de nós, como se o calendário nunca os tivesse tocado e os tivessemos passado! Os sorrisos capturados numa fotografia ou guardados na lembrança não carrega rugas. Ele não perde o brilho, não fica opaco... Ele é a essência de um instante, uma alegria pura, um afeto sincero, uma emoção que transcendeu as limitações do tempo que se viveu. As memórias, por sua vez, têm o poder de nos transportar para bem longe... Basta um cheiro, uma música, ou uma palavra, e lá estamos nós, revivendo um momento que parecia esquecido. Não importa quanto tempo tenha passado, o coração sabe reconhecer aquilo que foi verdadeiro... Sorrisos e memórias são o antídoto contra o efémero que pouco o nada sabe em nós! São como âncoras que nos mantêm conectados ao que importa, mesmo quando o mundo insiste em avançar sem pausa. Eles são lembranças de que vivemos, amamos e fomos amados, por isso cuidem das vossas memórias. Deixem que os sorrisos sejam eternos. Porque, no fim, são essas relíquias do coração que nos tornam imortais perante o desalinho da vida. Hoje estou assim, porque o engano é uma experiência universal que permeia as relações humanas, as narrativas sociais e até a forma como nos percebemos uns aos outros. Este é um fenómeno que vai além de simplesmente mentir ou ser enganado, é um mecanismo intrincado, muitas vezes alimentado pela interpretação subjetiva das nossas realidades realidade, pela falta de informação ou pela manipulação intencional daquilo que julgamos saber...É no âmago do engano que vive a dissonância entre a verdade e a perceção. Ele pode surgir de maneira inocente, como em mal-entendidos ou erros, ou de forma premeditada, sim, porque infelizmente muitas vezes é utilizado como ferramenta de controle, persuasão ou auto-preservação. Seja qual for a origem, o engano tem um impacto profundo sobre a confiança, um pilar essencial nas relações humanas que quer queiramos ou não, desvalorizamos e são luz nas nossas vidas, mas muitas vezes cedemos dentro da nossa fragelidade humana..Talvez seja melhor evocar as asas da liberdade e deixa-los partir, para que descubram por si mesmos o mundo que outrora desenhamos no seu olhar!

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Hoje as mãos guardam histórias que só elas sabem contar, nas linhas e curvas dos dedos, estão esculpidos os rastros do que vivemos e as marcas do que sonhamos. São mãos que carregam um mapa invisível, traçado pelas lutas silenciosas, com as mãos, construímos e cuidamos na aprendizagem que toca abraçando o mundo à nossa volta, sem palavras. Quando seguramos outras mãos, é como se transmitissemos uma mensagem muda, mas poderosa, de força, carinho e presença...Há nos gestos um eco de quem somos, uma linguagem própria que fala de uma generosidade infinita e de um desejo de moldar o mundo em torno da nossa vida. São como extensões do nosso coração, sempre prontas a agir em harmonia com aquilo em que acreditamos. E mesmo nos momentos de repouso, guardam a energia de quem ainda tem muito a fazer, muito a dar, hoje falo das mãos, das minhas mãos que são a prova viva de uma jornada que continua. E também, das carícias que nelas muitos foram deixando pelo meu caminho! O tempo move-se com uma dualidade estranha, parece esticar-se quando vivemos uma dor profunda ou aguardamos por algo, mas encolhe e escapa quando nos sentimos plenamente felizes... Num momento, somos crianças, cheias de sonhos e fantasias mas!! No outro, percebemos marcas no rosto e na alma, testemunhas da nossa própria trajetória, entre um instante e outro, tudo muda e, ao mesmo tempo, tudo parece permanecer... Essa passagem ambígua do tempo é um espelho que nos mostra o quanto, apesar de tentarmos controlá-lo, ele segue seu próprio rumo, lento e implacável, rápido e fugaz. Talvez, no fundo, seja essa a beleza de viver... Sentir, a cada segundo, que os anos se desenrolam de forma misteriosa, e ao mesmo tempo, aceitar que a magia do tempo está justamente nesse paradoxo, em que o ontem parece tão distante, e o amanhã, ao alcance de um gesto... Os anos passam com com a verdade de um ritmo curioso e contraditório, fluindo de forma tão rápida que mal percebemos os dias desvanecendo, mas ao mesmo tempo com uma lentidão quase cruel, que nos faz sentir o peso de cada instante! É como se estivéssemos num barco que desliza sobre águas ora serenas, ora turbulentas, sem que tenhamos controle sobre a direção ou a velocidade. Alguns dias são mais longos que meses, como se insistissem em ficar gravados, mas outros se perdem num piscar de olhos, deixando apenas rastros sutis, quase impercetíveis, como pegadas na areia que o vento vai apagando...

sábado, 14 de dezembro de 2024

Hoje ao aproximar-se mais uma quandra festiva é o momento em que nos permitimos imaginar sem amarras, guiados por um desejo íntimo ou por uma inquietação que teima em pulsar. Sonhar o futuro pode ser como um diálogo entre o nosso "eu" presente e o nosso "eu" que quer ser, é nesse encontro no escuro, onde cada detalhe imaginado é uma centelha de esperança ou um medo disfarçado... Às vezes, o futuro aparece como um quadro esborratado, outras, como um espelho límpido que reflete aquilo que já sabíamos, mas não ousávamos dizer em voz alta. É nesse instante de quietude, antes de dormir ou ao caminhar sozinho, que as imagens vêm uma luz, um rosto, ou até uma sensação !Não é o futuro em si, mas a essência dele, moldada pelos desejos mais íntimos que carregamos no nosso inconsciente ...Sonhar o futuro é um convite para se escutar a si mesmo e ao mundo, não apenas com os ouvidos, mas com a alma. Que forma ele teria se fosse uma melodia, que cores surgiriam se outro o pintasse em nós! Se o seu sonho sussurra algo sobre o que está por vir, é porque, talvez, seja hora de perguntar, o que me impede de o tornar real...Este ano já asisto a 50 Natais, e, depois de contar os meus anos, descubro que terei menos tempo para viver daqui para a frente, do que já vivi até agora... Tenho muito mais passado do que futuro, mas , sinto-me aquele menino que recebeu uma prenda, mas percebendo que ainda faltam mais umas poucas, mas já não tenho tempo para lidar com mediocridades, não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados, inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte...Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias, que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafetos, as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, ai sim a minha alma tem pressa...Já não tenho muitas prendas para abrir, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge da sua mortalidade caminhando perto de coisas e pessoas de verdade, porque o essencial faz a vida valer a pena...Os nosso amigos não se despedem, marcam um novo encontro, por isso a todos eles e curiosos um Santo e Feliz Natal.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as divergências se atenuam que as pessoas se procuram quando entre elas existe sentimentos.Ainda não sinto as mãos cansadas, embora saiba que um dia virei a ter, as veias azuis à mostra, e a cabeça toda branca ao ponto de me esquecer daquilo que amo, mas um dia sei que irei esquecer isso tudo...Olharei para os que amo sem os reconhecer, porque um dia este processo de evelhecimento está totalmente concluido! A incapacidade de estar só é uma característica marcante de muitas pessoas na sociedade contemporânea, que reflete uma dificuldade de enfrentar o silêncio, a introspeção e a conexão consigo próprio, neste mundo que se agiganta... Estar só não se limita a um estado físico, é, também, uma condição emocional e psicológica, que exige maturidade e autoconhecimento. Aqueles que evitam a solidão recorrem, com frequência ao, saltar constante da sua vida social e das suas redes ou a atividades incessantes para preencher um vazio interno que, na realidade, não pode ser preenchido externamente...Essa incapacidade está, muitas vezes, ligada a questões mais profundas, como o medo de enfrentar os próprios pensamentos, a insegurança ou a dependência emocional. A sociedade atual valoriza muito a conexão e a interação, mas ensina muito pouco a importância dos momentos de solitude. Esta não deve ser confundida com isolamento, que é uma desconexão forçada. A solitude é a capacidade de escolher estar só, para se reconectar consigo mesmo, fazendo de nós mesmos seres muito mais serios perante os outros. Estar sozinho oferece a oportunidade de refletir, crescer e entender os desejos e sentimentos mais profundos de cada um. É na solidão que desenvolvemos autonomia emocional, aprendemos a lidar com as nossas fraquezas e encontramos força interna. Por outro lado, a incapacidade de estar só pode levar à dependência da validação externa, relacionamentos superficiais ou até mesmo a uma sensação de vazio constante. Talvez por essa razão, estar só não é apenas um exercício de autoconhecimento, mas também um ato de coragem. Exige enfrentamento de desconforto inicial e aceitação de que a solidão faz parte da experiência humana. Ao permitir esse encontro com nós mesmos, descobrimos que a companhia mais importante é a que cultivamos dentro de nós, porque os outros, quando precisamos deles, eles deixam de estar lá! Nos momentos difíceis, quando a vida parece pesar demais, a espiritualidade é como um abraço invisível. Ela nos lembra que não estamos sozinhos, que há algo maior que nos guia e sustenta. Não precisa ter nome, nem regras. Pode ser um sentimento, uma certeza íntima de que estamos exatamente onde deveríamos estar. Além de nos reconectar connosco mesmos, convida-nos a olhar para o outro com mais compaixão. Mas , isto não é reconhecer uma chama divina, nada disso, mas sim uma energia vital dentro de nós, que faz também que os outros em nosso redor também brilhem. E, assim, aprendemos a viver com mais gentileza, mais paciência, mais amor. Seja qual for o caminho que tenhamos escolhido para alimentar o nosso vazio, ele será o que faz o coração vibrar, o que acalma a mente e trás paz à alma. Porque, no final, a espiritualidade é isso... Um alerta de que somos mais do que aquilo que vemos, que há algo eterno em nós esperando para ser vivido...Vocês já sonharam com o futuro? se sim e o fizerem de forma intimista, é como mergulhar fundo no silêncio de vós mesmos e ouvir os ecos do que está por vir. É fechar os olhos e sentir os sussurros de possibilidades que ainda não têm forma, mas já habitam o coração!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...