domingo, 31 de dezembro de 2023

Hoje é um dia de fazer avaliações, todos o deviamos fazer, mesmo que, nem tudo aconteça como esperavamos que acontecesse, por muito duro que seja, esta é a unica verdade absoluta. Creio que nunca aprendemos com esta premissa. Acho que faz parte da natureza humana, teimar por esta esperança que preenche e nos faz voar, idealizarmos... Porém, a vida é mais real que isso! Marchamos numa rua em constante construção pedra a pedra... É preciso ver de outro modo, de uma maneira que possamos encarar as adversidades e os acontecimentos com receptividade, a ponto de colorirmos melhor esse caminho que nos surge, na maioria das vezes cinza, mas com a sutileza, que acalma a mente para absorver melhor o que ai vem! Mas não tem sentido olharmos de outro jeito se não para trás. É preciso olhar para o que ficou pelos caminhos de um modo especial, e olhar para trás não significa voltar ao mesmo caminho, nem temos de o fazer, este não é o propósito. O que passou é como um livro de cabeceira, já por nós lido, afinal, o livro de cabeceira é um livro que nos identifica de alguma maneira, é aquele que já lemos milhões de vezes, mas sempre o consultamos regularmente, às vezes para encontrarmos este algo que nos coloca no chão e nos faz lembrar o que somos, além de elementos que nos atestem de sabedoria e nos ajuda a renovar, para o amanhã melhorar.Da mesma forma é o que vive lá atrás. Em alguns momentos é bom olhar para o que passou, revisitarmos o que vivemos, os momentos que expênciamos, recapitularmos os aprendizados que colhemos nas dadas circunstâncias. Olhar para trás é uma releitura que traz enriquecimento. Este processo é o que nos ajuda a renovar, a construir melhor o nosso alicerce, que nos prepara para pisar o futuro que chega adiante, para encontrarmos, com mais zelo e cuidado, o que avistamos mais à frente. Este processo é o mudar de estrada, como quem muda de ano, lembrando que nem sempre mudar de estrada significa alterar o horizonte que se segue, ou desistir do sonho pelo qual tanto perseguimos... Mas que o que aprendemos foi útil para renovamos o chão em que pisamos e os alicerces da nossa alma. Pulamos uma etapa com engrandecimento, elevamos a alma para um rumo revestido pelo concreto das lições passadas... E depois só olhar para o horizonte, caminhando pelo novo caminho, seguindo a linha e guiando-nos pela luz, pelo sentimento que se acende em nós. Sem deixar de aprender, sempre! or tudo isto, hoje não vou focar no término, mas sim no começo de um novo ano e nas oportunidades que irá trazer consigo para todos nós! Feliz ano novo

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Hoje o dia fica para trás, mal consumido e já inútil. Começa a grande luz, todas as portas se abrem diante de um homem adormecido, o tempo é uma árvore que não para de crescer. O tempo,cessa a grande porta entreaberta que chega a cegar os astros...As páginas rasgadas embrulham os meus devaneios...Ofegantes palavras que mordo como brindes secos, outrora rastilhos! hoje resguardados, lembrados sem voz...Vem ai de novo a madrugada, ela é devorada na pressa dos sentidos, que se atroplelam em vicios num beijo de olhos vendados engolido no tempo! É flamejante o olhar que se afasta empurrado, assim me deito hoje, no luar dos meus pensamentos. Dobro a esquina de mais um trilho e prossigo, entre salpicos na pele que me permito...Apenas cumpro o que a alma compele...Não sei decifrar, este recomeço que tanto preciso... Prefiro seguir os ecos que me impelem... do caminho que me pertence, esquecendo os reflexos, mas um dia vou me lembrar de todos eles, sem trocar os passos, mas com um sorriso que não quero apagar! Dobro a esquina dos dedos que se soltam há já algum tempo...Remexo este Caminho traçado de inspirações trancadas na noite, engasgam-se perfumes entranhados, os aromas são outros....ofuscam cheiros que ficam...Máscaram-se almas num olhar que se desvenda...Cega-me , finjo ver , ou faço de conta...Assim como numa ficção num cenário que inventámos...É a natureza Humana que se impõe, por vezes dou por mim em viagens longincuas, em lugares nossos que nem visitámos, estão escondidos...guardados...Acabo por acordar de sorriso fechado....Apenas invoco o presente divergente em conteudo mas que em verdade sorri...Há vicios que ficam porém...Basta o soar de uma melodia...um trocar de olhares, um rasgar de memórias, um fechar de olhos que nos transporta, onde, cheiros retornam, onde varandas são pequenas demais, balcões guardam visões, canetas reencarnam desabafos, onde falsamente sorrindo se escapam almas....tatuam-se histórias por viver....para quê reler, o que está escrito na alma, quando tanto mais se fala de boca calada, impossivel negar! impossivel...assim se toleram opções, tomada de caminhos que hoje nos transportam a um amanhã que tarda, ou que simplesmente se guarda. Por isso, hoje, respiro fundo como quem abraça a própria alma, inalando beijos, quando me sufocam sem doer...Tenho as mãos vazias cheias de tudo, onde finalmente o desejava receber, como uma amplidão que me consome, me abriga, me esconde e só tu não dás conta...Abraçei o amanhã, como brisas que me embalam, conforto que me abraça, neste lento, caminhar leve que conduz... Tempestades que nos fortalecem em passos galopantes que nos constroem...O poder de nos doar-mos só é maior e mais sublime, quando somos capazes de dividir nossa alma e nosso afeto pousar em vários corações...

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Hoje eu sei que as pessoas certas na nossa vida também erram e nós também. A pessoa certa, também já teve momentos em que não acertou. Ninguém vive uma vida de certezas, e, é isso que nos leva a tomar decisões erradas. Ou talvez sejam, escolhas menos acertadas. Porque, também é verdade que, ninguém está completamente errado... Acontece é que, por vezes, escolhemos sem pensar, ou sem avaliar tudo ou, pensamos tanto que, ficamos baralhados e escolhemos o que pensamos ser certo, sem ver a realidade. A pessoa certa aos olhos da nossa alma, não tem que ser alguém que seja um poço de perfeição. O coração não escolhe pela perfeição. Ele ama e acredita, sem questionar, aceitando o que nos dão como uma dádiva... Para alma não existem pessoas certas. Existem pessoas que chegam no momento certo. Essas podem chegar com todos os defeitos. Vestidas com as qualidades que nos conquistaram. Sem que nos tenhamos perguntado se são perfeitas para o mundo ou para os outros! Sentam-se apenas ao nosso lado. Também, elas percebem que nós também temos defeitos. Já erramos mas, foi o conjunto de tudo o que somos que as conquistou. A alma não julga. A alma só sabe amar. Só assim, podemos explicar porque amamos de olhos fechados. O amor é, por vezes, tão cego que não nos deixa ver o que está para além da perfeição. Que fazer quando amar está para além do que vemos. Quando passa ao lado do toque, em que sentimos a perfeição. Quando existe a certeza de um sentimento. Quando não temos o corpo que desejamos ao alcance das nossas mãos. Naquele momento é que é certo amar, quem nem sequer conhecemos. Que podemos fazer se a barreira da distância nos separa fisicamente, mas as almas se sentem unidas. Que fazer, quando sentimos o outro em nós e não lhe focamos a voz. Quando lhe conhecemos o coração e não lhe vemos o rosto, mas imaginamos, como nos despimos desta ilusão, ou então, como nos vestimos com a coragem necessária para enfrentar uma tempestade que nos consome...São sonhos que construímos dia a dia, sem os pudermos concretizar. São sentimentos tão intensos e o amor na sua distância traz a proximidade para os nossos corações. Deixamos de distinguir o certo e o errado. A única escolha possível é o amor. E o que tu escolhes? Para ele, a pessoa certa é aquela que entrou no nosso coração sem pedir permissão. A que calou razão e fez ajoelhar a alma que se rendeu à paixão. hoje estou assim, imenso no sentir. E quando menos esperava, senti o vento do teu olhar deslizando sobre a minha pele. Como se as tuas mãos me tocassem e os nossos corpos se moldassem.Bem, agora, vivo tudo isto, como se viver não fosse mais do que um sonho. Certo ou errado, a realidade é que me sempre me apaixonei de olhos fechados... Hoje eu sei que as palavras dissertam em tansparência total, não as consigo encontrar, nem mesmo no silêncio as consigo definir...Os vocábulos tatuam as vidas, mesmo que estas sejam apenas paralelas, prefiro folhear as paginas do ja vivido e saborear te, escevendo, neste meu eterno refúgio que me leva até as historias que por aqui alimento...Vivo estas noites vadias, 3 semanas de cama, em instantes sonhados, bem guardados, onde os meus suspiros pela vida coram o respirar num alento que me agarra a quem eu sou e a mil pedaços cegos que os meus olhos guardam! Mordo os labios como um mago, que nesta quadra festiva desperdiça o eterno que baila num pêndulo sem tocar na balança da vida...Há dias que as palavras não brotam....tentativa frustada de divagações...Significados não alimentam a alma...prefiro o que até fica por dizer...Há dias assim...

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Hoje amar simplesmente, completa-nos! Sempre foi essa a imagem que eu criei do amor. Um sentimento que tem de ser sempre plural, só assim poderá completar dois seres que se entregam a ele, para viveram em plenitude. Sem impor, sem transpor sem fazer com que um deles perca a sua essência ...É dessa forma colorida, que eu sempre ousei desenhar o amor. Desde sempre fui dando forma a esse amor nos meus sonhos, enquanto o procurava de forma exaustiva nas ruas vazias da vida, fui enchendo essa bagagem com os retalhos da vida que colhia por onde passava, sem sequer olhar para a paisagem que se erguia perante o meu ser! Sempre vi o amor dessa forma. Cresci com esse sonho. Vivo com essa ilusão. Na verdade, o amor para mim nunca foi plural, porque desde sempre me lembro de amar sozinho. Nunca a vida me ofereceu um amor que me amasse com a mesma intensidade que eu amei. Talvez por isso, sinta que tenho excesso de amor acumulado em mim. Ao mais pequeno sinal há logo estilhaços desse amor por todo o universo. Ainda o amor não se mostrou e já eu o sinto entranhado em mim. Ainda ele não chegou e eu já vivo abraçado a ele. Aprendi a amar sem esperar a resposta do outro lado, o meu amor dá e sobra para amar pelos dois. Tenho excesso de sentimentos para entregar, tantos que por vezes me chegam a sufocar... Todos vulgarizam esse sentimento, porque, em boa verdade, tão depressa chegam, como depressa partem. Chegam prometendo muito e partem sem deixar nada. Talvez seja esse o problema, os amores partem vazios porque não me chegam a amar. Os amores não se perdem em quem eu sou e partem mais sozinhos do que chegaram... São amores que me batem na porta para cumprimentar, mas que não trazem com eles a intenção de ficar. São amores nomadas, que não querem acampar na vida de ninguém... Querem apenas ser colonizados, prostituidos pelo lado bom que temos, mas ninguém é perfeito, também tenho defeitos que me caracterizam e por isso chego á conclusão, que não fui moldado à imagem do amor contemporaneio . Fui feito num outro formato qualquer e, por isso, a vestimenta do amor não me assenta muito bem. É assim como se fosse um fato demasiado largo para mim. Talvez seja por essa razão, que quando dou dois ou três passos em frente o fato, descai! Eu bem tento segura-lo com as mãos, mas logo chega um vento forte e todo ele cai... Tento agarra-lo com força, mas ele ganha sempre esse braço de ferro. E quando olho para mim já estou ali no meio da rua, nua e abandonada. Abandonada ao sabor de uma qualquer tempestade que me vai provocar um tsunami de desgostos. Deve ser sina, ter amor para dar e não existir quem o queira, saiba, receber. Parece um contrasenso, tanta gente na rua da vida e eu, sinto-me perdido dentro de mim e quando me encontro acabo ainda mais perdido. A vida não me compreende, o amor foge dos seus valores, ele completa-nos, mas eu continuo incompleto...Hoje quero apenas ser, a beleza gracejante de uma folha ou ter asas para que, num audacioso, mas auspicioso silêncio voar mas!!! Não sou , apenas um simples navegante na imensidão do tempo... Tenho um leve baloiçar no olhar que fazem as minhas asas ecoar, e confundem-me... usando as suas cores como um sonho de outrora, sinto-me deflorando o outono que passa...Escuto o sussurrar do vento, ele esta chamando por mim, por trás da névoa do outro lado do mundo, o coração da vida palpita, ele me chama, eu aceno ... Estou indo...Silencio-me , deste faminto verbo que ansiosos segredos calam em minha alma ,sôfrego de paixão aconchegam-me , quero continuar a sentir pois já me revelei profetizando a minha essência...Sou aquilo que escrevo, sou parte do que sinto, sou sombra sem medo, sou chuva molhada, sou como vocês me vêm, como me descrevo, sou paixão e emoção, uma rima inacabada, sou metade de mim, sou cansaço, sou a fome do querer, sou o deserto sem água, sou o dia sem partida, uma manhã ensolarada, sou um crime cometido, um desejo consentido, uma noite enluarada, profetizo os sonhos, sou tudo e sou nada, sou a verdade expressiva, uma frase censurada, sou um poema de amor, sou o mistério, sou o limite, sou uma alma desnudada..Hoje sinto-me meio perdido, mal consigo andar nessas linhas tortas da vida! todos temos dias em que nos sentimos reclusos, necessitamos, deste sentimento, talvez para redescobrir os nossos dons... A única coisa que eu ouço dentro de mim, todos os dias, é que, ainda é cedo para desistir. Talvez seja por isso que ainda estou por aqui!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Hoje não vejo as estrelas do céu mas,elas estão lá e enquanto houver estrelas no céu eu vou ficar aqui a olhar, porque sei que é lá que vou encontrar o sonho que um dia os deuses me prometeram... Hoje a cada estrela darei um nome, cada uma terá um brilho diferente, talvez assim, a minha ilusão retome e o céu deixe de me parecer tão distante...Vou fechar os olhos e suplicar ao luar para ser o meu companheiro, quem sabe se ele me vai ajudar, a encontrar esse caminho, que o destino me prometeu numa noite de lua cheia, onde o céu se encheu de luz, porque, enquanto houver estrelas no céu, jamais ficarei sozinho, aqui na terra...Sempre existirá um sonho, que é meu e também é teu, quem sabe se por mim ele irá esperar...Olho-me do outro lado da lua, sentado nas asas do meu pensamento, sabendo que a minha história é a de alguém também, esperando apenas a chegada do sorriso que consiga transcrever este sonho nas linhas deste céu, colorido de estrelas para ser visto por alguém, como eu, que apenas olha para elas...Procuro-me nos caminhos da vida, ando de costas viradas para a escuridão, com os olhos postos numa Luz intensa que me mostra o caminho. Há um anjo a meu lado, uma guardiã que me espera lá no futuro! Procuro-me e encontro-te, quero ser a Luz que desperta essa escuridão que clareia. Sou o rosto de uma Alma simples que se procura por entre os pequenos grãos de areia derramados, isolei-me, procurei-me e a vida encontra-me entre as pedras soltas de uma muralha que durante tempos me impediu de ver o Sol. A vida que aí abriu uma porta por onde eu passei, com medo no mundo eu me vi! Tem dias que ainda me procuro, mas tu já me encontras-te...A vida não é feita de economias, a vida é feita de excessos essa é a realidade. De excessos de tudo o que nos faz ir dos 0 aos 100%. É feita de tudo o que nos ilumina a vida nos dias cinzentos, e ás vezes são coisas tão simples... A vida é feita de tudo o que nos soma felicidade ao que já temos, sem nos preocuparmos com o que nos falta...A vida não é colecionar pessoas, não é mostrar quem não somos ou o que não temos! Não é exibir o que não nos pertence... A vida é esbanjar sentimentos com todos os que guardamos no coração, sem fazer contas ao tempo que gastamos com eles, nem ao tempo que nos doam...É demonstrar-lhes tudo o que sentimos, sem qualquer receio do mundo, é colocá-los em 1º lugar mesmo que para eles sejamos sempre segundos ! O amor que distribuímos enriquece-nos e é dessa riqueza que precisamos para sermos felizes... De que vale um cofre de notas e um vazio no coração, de que vale uma mão cheia de gente que nada nos dizem, a felicidade não se compra e o amor não se paga...Nunca! Por isso ama-se e vive-se, sem pensar que existe tempo. O que passou é passado e não volta. O amor que vivemos ontem apenas nos fará sorrir e desejar que o hoje seja ainda melhor, para que os dias que talvez ainda haja por haver, nos receba de braços abertos... Ai sim seremos milionários, e os valores monetários deixam de entrar na equação, é assim que consigo ter alguma leveza na minha alma e voar. ..Hoje lembro-me de ti Pai, estou no último degrau que escalaste...

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Hoje caminho... descalço...Sinto cada grão de areia por baixo de mim....Caminho... Por esta estrada que deixou de ter fim! Tento apagar os rastos que deixei ao caminhar,onde derramei escritos a sangue e lágrimas, que agora apenas repousam na alma. Não tento ser outra pessoa , até porque acho que nunca precisei de ser outra pessoa, sempre tive orgulho e orgulhei os demais pelo que sou … Posso ser diferente, sei que o sou, ainda assim, limito-me a caminhar ... descalço... de alma, de pensamento, de sentimentos erguidos, ao sol, ao luar, ignorando as ruas estranhas que deixei para trás… Nelas nada me apraz , apenas o peso da vida , que recebi, que dei, que mereci… Sem caminho pensativo? Sim , tenho dias que sim, eu e o peso da vida, do que dou, do que recebo, do que faço, do que mereço… Resta-me a brisa neste rosto , que me abraça, como se eu fosse um cristal, leve, transparente até demai, que me transforma e me ergue com um sopro de vida e me faz prosseguir até quando me fecho e me recuso a faze-lo! Hoje como apenas letras que escrevo, sem rascunho, sem borracha para emendar, com todos os erros que elas tenham e sem querer apaga-las ou reparar o que sou , lanço me ao vento como uma folha de outono que cái, a brisa essa, alisa-me do seu jeito brando sem me retrair , frágil ela quebra o feitiço da minha bagagem que deixei nas margens no inicio desta viagem! É parca a coragem, como simples gotas de orvalho, sorri perante um beijo dado na veemência da luz que incidiu sobre mim mesmo ao despir-me de cores que perderam o seu útero final…Quebro-me no equilíbrio exigido que jaz no chão pintado, ergo os braços aos céus e agradeço a dádiva que me fez ser parte de um circulo que não era o meu…Sinto-me como uma folha de outono, nasci vibrante , abracei os ramos, e como uma pluma me deixei desfalecer ao ritmo desta brisa…Amar completa-nos, sempre foi essa imagem que tive do amor…O amor tem de ser plural, se não assim for não conseguirá nunca completar dois seres diferentes, é dessa forma colorida que espero desenhar o amor! Há muito que tento dar forma aos meus sonhos de forma exaustiva, nas ruas vazias que a vida vai enchendo com retalhos de amor que tenho colhido no meu caminho. Tenho crescido com esse sonho, com certamente essa ilusão pois o amor que tenho assistido nunca foi plural, nunca pode ser plural se amar-mos sozinhos! Aprendi amar sem esperar resposta do outro lado, sempre achei que o que Sentia daria para amar por dois, mas o excesso de sentimentos acabam por nos sufocar … Há pessoas que passam por nós com a promessa de deixar muito mas acabam por partir sem nada deixar! Acho que a maioria das vezes o amor bateu-me à porta apenas para me cumprimentar como um nómada que jamais será capaz de acampar na vida de outro alguém! O amor ás vezes é um vestido muito largo que não assenta muito bem a todos, por isso muitas vezes com apenas dois a três passos em frente o vestido caí, causando um tsunami de tristezas… As ruas estão cheias mas continuamos incompletos pois não há quem se queira encaixar, apenas querem que nos encaixemos…Amar não é mostrar o máximo de nós, é sim mostrar o que somos e temos! Amar não é desviar da nossa vida quem nos ama, é sim estender a mão … O amor não nos prende, faz-nos sentir livres e pertencentes a algo único, a ponto de deixar dúvidas de lado, para sorrir. Sei, que lágrimas, sorrisos, amor e ódio, parecem irmãos, todos estão tão próximos que em segundos mudam a nossas falas e por vezes avaliamos mal os nossos reflexos , dizemos palavras que não nos revemos dentro delas… Mesmo assim não precisamos falar para mostrar quando amamos, nem precisamos que ninguém fale por nós porque o nosso silêncio fala sempre mais que qualquer eco… Envelheceram-se-me as palavras, frazes guardadas em gavetas empoeiradas, da biblioteca de uma alma! Entardeceram-se-me sonhos que me olhavam em sentido contrário, o coração parecia fechado,mas!! abriram-se os olhos, escondidos no meio das flores plantadas no jardim do meu olhar onde parecia que mais ninguém ia pisar...Vivi fazendo-me esquecido, destapei o meu passado, desnudei a minha história, abracei meses que já não conheço, tropecei no tempo deixei me cair dos braços desse sonho, fiquei aqui , tranquilo, revoltado, embrulhado em palavras evelhhecidas que se transformaram em poesia, sonhando-te para toda a vida... Os dias foram feitos de escuridão, uma escuridão tão grande que não me permitia ver que existia o sol lá à minha frente, para lá da linha do futuro...Que hoje chamo de estrela dourada!

sábado, 25 de novembro de 2023

Hoje quando acordei já estavam no cais,  os barcos adormecidos das águas sem vagas… Só ai o olhar ampara o sopro do vento demorado, que arrasta os sussurros primitivos a cada degrau da escarpa navegada! Não há margens aqui onde habito, as calçadas são desertos, íntimos a preto e branco, os candeeiros repousam as mãos famintas na luz  que alumia o artesão a moldar as águas deste mar revolto a baloiçar nas paredes da encosta da minha casa! Não estou a profanar as metáforas, por uma dádiva dos céus, não… Nem tão pouco me agarro à vertigem das sombras que se instalam nas minhas margens, sou fruto de um despiste quase inocente, se for a ver, há tantos como eu,  procurando nas outras pessoas a  felicidade muitas vezes em mentiras e sorrisos falsos rodeados de verdades enganadas de vidas destroçadas em areias movediças que levam e trazem os navios parados nas praias, as barcas vazias de peixe, as redes espalhadas nas margens do areal  dos pescadores por coser…Há miséria e desgraça nas mentiras, vivesse inventando imagens, de sonhos que escutamos em eco nas palavras como se fosse um jogo que quem encontra primeiro vence, mas eu até agora apenas tenho ficado no pódio, encontro sempre em segundo lugar! Posso ate lavar os sonhos, banha-los no pensamento e na espuma perfumada da maresia, que graças à inercia das palavras me acomodo sem partir e sem voar.. Eu sei meus amigos, é preciso soprar na fogueira muitas vezes , mas se ela se apagar não podemos insistir  precisamos novamente de uma acendalha…


Tu és a minha acendalha ...

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Hoje assumo que não sinto poderes mágicos, sim aqueles que nos libertam da desmesura do frio dos novos trechos onde desenhamos as palavras desconexas. Busco frases de algodão onde o sentido se desfie do gume afiado que dilacerou um dia nas minhas palavras o derrame dos sentidos… Não me sinto vencido pela surdez do gotejar de palavras proferidas dentro de água, tudo que existe serve para construirmos a nossa fortaleza, até os frutos das arvores desmaiadas nos dão o que a vida nos pede a nós próprios enquanto humanos … Todos temos queixumes, não podemos todos habitar no Edam, sempre houve o bom e o mau e umas vezes sobrevivemos outras não! Não invento sorrisos de hipocrisia nem de faz de conta, não fabrico o meu ser nem deixo que o confundam com este espectro que alguns cultivam, poro a poro, prefiro ter mais dor mas mais vida de verdade, abomino aqueles que dizem ser o que não são, mentem tanto aos outros como a si próprios … Hoje queria mesmo era escrever uma carta de amor, e nela dizer o quanto te anseio e quanto receio te perder, esse sim é um mal indefinido que persegue os humanos, gerando saudade, lembranças, sentimentos doces dos carinhos, dos beijos selados, da sombra que projetamos na rua … A vida se renova a cada dia, contudo é mais no silencio e na ausência que ela se figura e falsearei se não afirmar que é nas palavras que me escudo, mesmo que vá suspirando pelo embriago de distancias, é na sua continuidade que me deparo sempre, ela me ampara nas noites mal dormidas, nas luas eclipsadas que reluz a luz do meu interior…Hoje há cometas que deixam rastos, e nos vestem apropriadamente para o ritmo que nos embala o foco do pensamento e é nesse invadir, que nos ridicularizamos em escritos que nos espelham e nos fazem expor os sentimentos contidos do descuido das aparências que nos protegem! De ti , jamais esconderei o meu olhar, porque é ele que mostra o que tenho para oferecer, e que desejo viver… Eu sei que tenho tendência a me sentir vulnerável. Medo de me expor à dor. Medo de se sentir desprotegido diante das adversidades. Todos criamos uma concha, com muito esforço e cuidado. Verificamos se não cai, se não quebra e, acima de tudo, acrescentamos camadas dia após dia. Até quando menos esperamos, alguém aparece. Alguém disposto anos separar de todo esse trabalho que tivemos. Uma pessoa que está pronta para remover camada por camada, para te deixar exposto... Exposto a sofrer, exposto a ser magoado. Mas também exposto a ser amado. Exposto a sentir. É um estado de alma estranho porque nos deixa felizes e ao mesmo tempo com muito medo... Medo da possibilidade de destruir os sentimentos novamente... Todos os dias entregamos um pouco...um pouco mais... até arriscar e dar tudo! Abrimos ou coração e de repente.. quase sem perceber... Permimimos não ter o controle dele. Eé ai que nos tornamos vulneraveis por não saber se esse alguém cuidará como nós do nosso coração! Ao arriscar, encontramos pessoas que valem muito, e que te lembram, com detalhes, que você também vale. Pessoas que com um beijo param o tempo por nós. Isso faz-nos esquecer, por alguns segundos, que existe um mundo exterior. Que com um abraço te façam sentir que nada de ruim pode te acontecer. Temos muito a perder mas muito mais a ganhar...É como começar a encarar uma nova página em branco, queê temos que escrever, e não sabemos como, e, realmente não sabemos porquê! Sabemos que essa pagina está ali e em algum momento temos que começar, e cada pagina tem um formato diferente , é sempre um trabalho especial, dificil mas que teremos algum dia de o começar a fazer de novo...Por muito que nos questionemos, há sempre mais perguntas que faremos, para onde vão as palavras que não dizemos, para onde vão os abraços que nunca ousamos dar, para onde vão aqueles beijos que antes negamos por orgulho, para onde vão? As respostas variam de pessoa para pessoa, mas!!! A vida é muito mais fácil quando apenas deixamos o corpo agir, isso acontece quando esquecemos o que os outros vão dizer, e apenas decidimos arriscar... Não escondo nada, nunca ousei, dizer algo que talvez amanhã não consiga voltar a faze-lo ...

sábado, 18 de novembro de 2023

Hoje nesta noite em que te invoco, busco-te ao pensamento, na tua chegada errante, que soa tão distante, mas como uma brisa que me veste a alma e o espirito! Invoco, vestindo-me do teu querer, tu que estás nesse lado, sempre a meu lado, sentido o meu chamado e escutando as minhas batidas cardíacas … Invoco-te fazendo das Estrelas um manto onde se possa sorver os beijos que calam os desejos, embalados pelo céu estrelado! Olho a madrugada, como uma entrega derradeira na noite por mim Sonhada! Há dias de desencontros, e o desencanto é maior! O mar cala a dor, tece-se duro o destino, os gritos que se calam, das palavras que não digo, fazem-me dar passos lentos, seguros para traçar este caminho. O silêncio que emudece, torna o Coração bravio, deixando lutas sem sentido silenciar-se em pequenas memorias que salpicam levemente os brilhos cintilantes das historias que escrevemos… Mas!!! Surges inesperadamente na minha vida, não sei de onde, de que lugar, mas num tom meigo, docemente incorporando o meu mundo sem pedir para entrar! Tenho rasgos de sorrisos que poucos ousariam, conquistar. Vamos crescendo nos afetos, que aumentam ainda mais a partilha… Há sorrisos que valem mil palavras, mesmo quando nos pensamos ausentes, basta um sorriso para nos tornarmos unos… Hoje nesta noite invoquei o teu olhar, sonhei que te passava as mãos no rosto num gesto de ternura com os dedos ávidos desse trajeto que envolve os teus olhos e me fazem desenhar os meus no compasso das esperas que demoradamente se fazem lentas! Sinto este desejo para que me saibas, não me é possível imaginar-me sem o teu olhar, sem o teu sorriso, apenas te beijo e deixo no teu corpo o meu cheiro a espraiar-se em ti…As minhas águas desaguam em ti nesse teu riacho onde os dedos se enrolam em palavras e suspiros consentidos na comunhão do sentir…Solto-me de mim para em tua alma depositar o meu corpo que mo teu olhar se entrega na ternura da incerteza do amanha! Neste mar onde desaguo, existem muitas conchas, umas bonitas e doces outras rugosas e desfeitas pela erosão…Procurei durante uma eternidade as boas, mas não as encontrei…Até que um dia! A Maré me trouxe a mim uma, colorida, transparente, que se abriu e me fez sentar dentro dela para toda a minha eternidade. Hoje apenas reclamo sorrisos de mil cores, sorrisos amplos, abertos e brilhantes, sorrisos que me façam renascer, fuzilando tristezas dentro de diálogos articulados, que, me falem de vida, de cada instante, de amor, do renascer, de sentimentos esculpidos de ternura em alucinante rotação, e nessa volta, sentir a carícia de um sorriso à deriva na ilusão, sem travão, de sonhos que descarrilham no sorriso do coração… Quero sorrisos rasgados, latentes, insanos, desmascarados, queimando-me de desejo num manso crepitar de alma embriagada pelo plasmar do azul celestial que acaba num simples abraço do tamanho do mundo com o fim dos teus olhos…

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Hoje corrompo o meu sangue, destruo a minha mente, nado furiosamente contra a corrente, fico cego com a pressão, emociono-me com a fragilidade do meu coração, finto-me num gesto inconsciente, resolvo reescrever o esboço do meu rosto. Deixo as lágrimas percorrerem os caminhos que sonhei e comovo-me com as minhas carências... E cumpro...cumpro estas linhas, violentando-me, atormentando a minha mente em todo este silêncio, apenas se escuta o meu grito! Nada imploro, nada peço, mas não se assustem com a minha franqueza, sou apenas imperfeito...tenho tanto medo… Estendem-me a mão, quero percorrer com meus dedos os caminhos que elas traçam. Quero tocar, quero segurar e guardar, quero então e apenas, fundir-me na nessa pele… Quero esse cheiro, intensamente em largos sorvos de paixão. Quero provar a pele doce, e embriagar-me com a essência do existir. Olho esses olhos, eles, derramam a sua luz no meu corpo apagado. Quero vida , pode ser apenas aquela que conseguir abarcar e que me consigam dar…Quero-a tanto... Façam-me apenas estremecer com o toque dos lábios. Quero sentir o calor a voltar ao meu corpo… Preciso-te! Fui eu que um dia te sonhei. Aqui. Agora. Para mudar a minha cor cinzenta, e inundar-me de luz. Foste tu que me desenhaste. Para ti. Aqui. Agora. Faz-me viver! Dá-me o alento. Quebro a minha pele efervescente rompendo as amarras que me prendem! Existem momentos em que o beijo parece demorar... Demora-se como uma tempestade que se aproxima, abolindo o tempo e a vida que sem ti, parece parar... Os momentos tornam-se pesados nesse instante e a saudade torna-se cansativa...Consigo esperar...Claro, que consigo suportar a dor da ausência e imagino esse rosto desenhado num muro onde te revejo quando estou a caminhar, pelos corredores vazios que impedem a chegada e dificultam a espera.... Consigo suportar todo este cansaço para te alcançar e não descanso sem te poder tocar... quero tanto o teu regaço, quero tanto o teu calor, o teu corpo preenchido de cor e toda a exaustão que esse embate possa provocar... Acelero os ponteiros do relógio, e continuo a ouvir os teus passos na imensidão ensurdecedora do silêncio... sinto-me extenuado, mas ansioso pela tua chegada...Apenas para te abraçar! Adoro-te nas palavras mais simples e procuro-te nos textos mais complexos... O teu cheiro aproxima-se com a distância que rebenta nas ondas do mar neste final de tarde, enquanto suporto a dor das minhas veias dilatadas e inflamadas foco-me na chegada do brilho das estrelas que se deixam cair nesta noite sem luar! Hoje sou feliz porque para o ser basta-me viver e sentir a dor e a alegria da mesma forma, sorrio da chegada e choro a cada partida…Sou feliz porque sinto em pleno cada compasso que desenha a minha alma e cada lugar que vou preenchendo dentro de mim e de ti! Ser feliz é ter partilhas, ter o mar e o seu horizonte espelhando as estrelas, bebendo água neste horizonte que é o limite da omissão, e a ponte do coração!

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Hoje estou mesmo na fronteira , onde os sonhos se tocam... É aqui , neste local que os sentires se espelham... Onde os sorrisos se invocam, e os medos não imperam... Aqui, onde a vida surge intensa, vivida, sentida, de uma forma desmedida...Aqui, onde ninguém mais se afoita...Em lugares onde apenas, a alma pernoita, sim ai , onde toda a melodia não tem conta, nem medida, onde eu balanço e dou os passos que escolhi para a minha vida. E é dentro do meu ser, que eu grito e me revejo, e coloco no sentires a entrega de do desejo! Aqui, no fundo de mim, onde me encontro e me abraço...sem escolhas, faço traços, marco e desmarco o meu compasso! Sob a claridade pálida do dia, Sinto a chuva que de mim rompe, serena, morna e fugidia, salgada como o mar, como um manto de seda fina, que me acolhe e abraça gota a gota que me na boca se refina como um novo despertar… Abro os braços e deixo-me embalar no meio de umas pinceladas de cores radiantes, dessa doce melodia! Olho o espelho das duas estrelas dos teus olhos, num voo tranquilizante pelos planaltos desse dia que rompe…A vida é uma selva de sentimentos, onde por entre todas as formas de vida que aqui existem, há só uma, que em muitos momentos, me penetra os pensamentos, baralha minhas ideias, torna a minha vida como teias, teias de contos, de sonhos, ocupa-me a alma, rouba-me a calma. Observo as suas formas, como se alimenta, como sobrevive, como me tenta...Como aquelas gotas, gotas de orvalho, que escorrem por esta planta, esta forma de vida, vivida, amada, perdida, achada, desejada rega-nos os sentidos ... Desejo ser sempre a humildade que paira no ar, e na doçura de um olhar , escorregar os meus sentidos nesta selva, que é a vida. Alimentar-te com toda a água, tocar teu caule das raízes mais profundas, conhecer, descobrir esse lado mais obscuro, entender, como que sente prazer ao devorar, sem parar, o seu desejo, que parece não terminar, e é essa forma de vida que continua alimentar a selva perdida, a selva da vida! Hoje pergunto-me se te tenho, se és minha , se já alguma vez te vive e se te amo, eu não te digo… Se não falo, não entendem, se me falam, eu acredito…se me beijam guardo o sabor, se me afagam eu guardo o desejo!! Se me embalam , eu repouso, se me sonham eu desperto, se estão longe , mais imagino, se mostram distancia mais perto sinto! Há magias que não se entendem, e sem dar por isso , outros sentires se tecem com encantos de feitiço…Deixem -me falar apenas de amor, desse núcleo de gestos e cor que nos derramam nos beijos que extinguem a dor! Deixem-me escutar apenas o coração, ele sempre falou tanto comigo que quando se cala sinto que comecei a desfalecer…. Os dias ficam para trás, todas as portas se abrem, diante do homem adormecido que sou, porque o tempo é uma árvore que não pára de crescer, deixando diante de nós uma porta enorme entreaberta que só os astros cegam, tudo termina, e recomeça, como uma ave abro as asas na aurora onde o mar beija a montanha registando a claridade total do sonho...

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Hoje sei que apesar de tudo a vida sempre foi boa comigo, verdade , bastou-me saber que o meu coração, quando carregado de sombras, só precisa de se alimentar de luz, e é essa janela no meu peito para que por ela possam entrar todo o fulgor das estrelas e o invisível arco-íris do amor… Sei bem quem sou e sei que ainda não fiquei pronto, a vida está me fazendo, devagarinho. Os maus momentos criam arestas, e os bons momentos vão aplainando, alisando tudo que ficou rugoso … Pode vir o Inverno pois sei bem que ele não me tingirá de negro, nem de branco como a vela de uma jangada perdida no oceano , sei que ele me tingirá de azul como o céu . Não irei desperdiçar o resto dos meus dias nesta vida, vou vivê-los com a mesma beleza dum pôr do sol que tanto amo… De todos os cantos do mundo, é no que mais amo que assistirei ao por do sol , é nessa praia que me extasia e me despe que me unirei ao mar, ao vento e à lua! A luz desse fim de tarde teima em entrar de novo na minha janela, essa janela nova onde já algum tempo me encontro me impele a escrever e a fazer-me perguntas difíceis… Há coisas que não se explicam, assuntos que não se escrutinam e palavras que não se repetem! Não se repetem não por estar gastas ou velhas, não, apenas porque a ampulheta do tempo é maior que eu, maior que todos nós e maior que todas as palavras que se possam perpetuar nos dias… Hoje da minha janela , vejo uma nova aurora uma luz diferente mas igualmente linda e eu que sempre amei as janelas da vida e a luz que delas advém e nos adentra pelos dias… O livro da minha vida esse não é novo, é apenas o meu livro de vida que, independentemente das janelas novas , das auroras novas, dos crepúsculos novos, das palavras que não se repetem, é apenas o meu lugar comum como tantos outros que não se repetem tal qual a minha nova janela que abro e deixo que os tempos de novas palavras possam arrastar a luz e mesmo que diferentes, traga novas palavras mas igualmente bonitas … Como todos sabem , adoro palavras … Por hora peço apenas o silêncio desta janela onde os dias me acenam e sei bem que ás vezes temos de escutar o nosso silencio para observar as coisas importantes dos nossos dias… Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim, que não troco por palavras, guardei-o dentro de mim juntamente com as vozes verdadeiras, que sempre promoveram a verdade. Hoje é o dia que me doaram o silêncio como uma palavra impossível, nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível na forja da vida, guardei dentro de mim, todas as palavras que serviram de disfarce e que ninguém profere, acabei cansado pelos labirintos da mente que nem tentei desvendar, porque os mistérios do amor formam a alma que me transformou no homem que sou! No dia que não se conseguir trocar sentidos por palavras eu os guardarei dentro de mim e farei do silêncio o meu cais de destino, mas hoje ao silenciar-me irei cobrir-me de um manto e procurarei no firmamento da noite sem nuvens, sem luar entre as estrelas, a mais cintilante e mais bela, e, lá estarás, porque somos talvez o confronto entre o proprio e o improprio, e é isso que escondemos com todas as nossas forças do nosso ser!

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Hoje cessa-se  a inspiração quando se esgota os sentidos!!! Parece um sintoma de uma vida em transformação!!! Gastam-se todos os suspiros de uma só vez, por não se ter mais nada a observar no futuro longínquo. É a vida que funciona a priori, intensa, até que nos expõe. Somos máquinas de colher solidão como aquelas que se usam para desbastar os campos!!! Deitado nas nuvens, vejo o homem que há em mim, dilui-se como água da chuva em terreno árido. Finda-se a ideia, em mim, de uma apnéia em seco !! O que aqui há dentro destas palavras não é leitura de se abrir os olhos, nem leitura de fechá-los à noite. Não é tortura de alimentar o ódio, nem saúde de curar os vícios. O que há dentro das minhas palavras , não é capricho de um corpo afoito nem sossego de um talento lírico. Não é rabisco de um papel marcado, nem um evento narrado em vida. O que há dentro das palavras não é sólido, nem líquido, nem gasoso, nem frutífero. Não é definido por sua natureza de estado, nem supostamente um estado de espírito. O que aqui escrevo é o que há em qualquer espaço, mas nada tem de química, nem física. O que há dentro das minhas palavras não é a métrica do quadrado, nem a convergência de um círculo. O que transpiro aqui são palavras inteiramente densas que de mim ver-to! São elas que me habitam, neste tempo imemorável , escondidas no mais intimo espaço da minha alma que embriagam a essência de mim , transformando letras em palavras...este o dia anunciado, a hora da desesperança Hoje fomos expulsos de um tempo julgado sem fim, onde os corpos se banharam indolentes e incautos, procurando o caminho...há dias sem um fio de luz, sem alento, sem consolo. Os olhos, quase cegos choram, tardiamente, a memória ardida, prostrada perante as cinzas que de nós se apartam…Afastados da vida, num devir atormentado que nos lança as presas onde já não há carne, resta-nos cumprir a pena aceitando-a como um bálsamo. Os meus braços, nos teus braços, geram abraços, esmagados, ameaçados, extintos, de estátuas de pedra que tomam agora o lugar das árvores caídas…São estas as criaturas inumadas em que nos transfigurámos, quando o amor não vence e levianamente nos soterra em sedimentos do nosso desânimo, ora resignados, ora alarmados, seguimos...com a granada dentro do peito, e é isso que nos faz ser poetas, caçadores insaciáveis de emoções, que nos brotam da alma como a nascente do rio que desliza suavemente pelos socalcos da montanha, a perder de vista… O poema nunca está completo, há uma sede de palavras, que não se mitiga em qualquer fonte, as palavras têm asas que buscam, silêncios, sorrisos, alegrias, amor, mergulhados no mais profundo do âmago, do ser… As nossas palavras estão em constante conflito de ideias e ideais, porque o poema nunca está completo. necessita ser cinzelado, afagado, como se fora uma escultura, mas deixa sempre o caminho aberto para uma nova fonte, uma nova sede, uma nova emoção. Nós nunca seremos completos se continuar a existir para além das palavras, o silencio! Arde em mim a sensação dos minutos sem fim como se tudo fosse inspiração doce,como se eu fosse alma e coração e tu pedaço de mim! reclamo a evidência perfeita, dos abraços ancorados, na submissão desfeita, do poder dos corpos suadosem todas as palavras eleitas dos versos já amados. Hoje escondo-me do infinito na escuridão, lanço as mãos na periferia de pequenos gestos em sintonia, na esperança de ver chegar um momento de felicidade de verdade. São os gestos delicados que me fazem sonhar com as melodias escritas nas pautas dos abnraços...Hoje traço um rosto no horizonte que reflita a luz no seu olhar das auroras e manhas, porque há estrelas que não vivem no céu mas brilham para nós como se o seu foco fossemos nós....

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Hoje é a simplicidade que nos ajuda a viver, como uma transparente gota de orvalho que rega e limpa as folhas e pétalas , sem fingimentos e demais hipocrisias. Sem essa simplicidade, vive em nós um ser louco, que está sempre pronto a saltar como uma mola, virando o mundo do avesso com uma guerra que destrói todos os passos dados…E a simplicidade que comprime, as forças desmedidas, como a como a prensa que esmaga as uvas pra fazer o melhor vinho. Será que há alguém que consiga dizer que nunca odiou? Que se sentiu enganado até à medula induzindo o desalento como uma ira? Penso que não, jamais somos atores a mascarar falas e princípios! Somos sempre racionais? Também acho que não , mas !! Tivemos, aqui e ali, uma vida de intuição como a dos ladrões e das feras, sem ponderar nem prever, até cairmos imoveis de barriga para cima, como se uma barata fossemos…Confessemo-nos, talvez então seja melhor sonhar, banir a estupidez, a hipocrisia, a falsidade, o egoísmo , porque quem inventa um sorriso, e uma mentira, acaba por fingir toda a sua vida… Isto são engenhos que acabam por ganhar cama nas vidas dos mentirosos, a ponto de confundirem o seu ser, com o ser que fabricaram, poro a poro. Tenho muita pena destas pessoas, não são quem dizem ser, chegam a mentir tanto a si próprios como aso outros, malditos mentirosos….Prefiro ondas de verdades que se misturam nas nossas veias como murmúrios que nos cercam num vai e vem de melodias como se fosse rios unidos por uma valsa que limpa qualquer alma…E se o mar se abrisse de repente, e ousasse destapar-se , onde todas as gotas do oceano se juntassem num de repente que refletisse tudo num só gesto, todos os seres marinhos se vestiriam de algas para receber o neptuno que se espuma nos rochedos intemporais dos sentimentos , porque o tempo será sempre o próprio tempo que não passa… Eu sei que são os furacões que arrastam os navios, mas é as brisas constantes e amenas que conduzem -nos ao porto de abrigo que tanto necessitam … Chega aquele dia em que abrimos os olhos e nos sentimos noutro mundo. O dia irrompe com um especto incomum, pouco familiar, suprimindo aquele bem-estar tão característico das manhãs. Nem o cheiro da rotina é capaz de despertar o frescor das memórias, aquela intimidade estabelecida com o que lhe cerca. Diante do espelho, a imagem é meio embaraçada. A procura por respostas é irrefletida, demasiadamente vã. Diante o desconhecimento, o silêncio faz-se mãe de todas as ações, superfície que apazigua brandamente tudo o que nos rodeia, o corpo nem sempre responde direito aos sinais externos, como em um ato de fuga, em que tudo responde apenas ao ato desesperador de correr. O momento, ao se prolongar, evidencia a apatia pela qual se vira refém. A vida transfigura e estranha-se inicialmente este “virar de página”. O mundo se apresenta como se fosse a primeira vez, igual dia em que você abriu os olhos, logo ao nascer. É-nos apresentado este ciclo que gira interminavelmente, período após período. O corpo sente a transição, e fica deslocado, simplesmente perdido. A mudança de um dia para o outro é abrupta, não soa a fugaz porque um sopro apenas , rasura as texturas do ontem. Ninguém esconde as nuances de outrora, da simetria enternecida das memórias, que davam formas à vida, mudar é sempre entrar em um estado de êxtase, em um novo cômodo jamais visto antes, como um espetáculo solitário, apreciado por ninguém além de nós mesmos. É preciso crescer, ganhando nova forma, amadurecer e mudar são eventos pelas quais inevitavelmente todos estão sujeitos a vivenciar, mas fazer novas escolhas, seguir e definir novos rumos e prioridades são sinais de que a nossa alma está se despedindo de resoluções velhas. Você se sente em outro mundo, pois está adentrando em uma nova caminhada, rodeada de novas paragens. O mundo segue sem esperar, cabe-nos apenas persegui-lo, agarrando as oportunidades de crescimento que surgem diariamente, deixando para trás os dias velhos e dando boas-vindas aos novos dias, que estão de braços abertos para cós… O que pode vir a doer não é o que há no coração, todos os dias me dispo um pouco mais sem que me perceba e por muito incrível que pareça , nuo sou muito mais puro, e hoje fixo-me nos 8.6!

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Hoje regressei ao cais de pés molhados,  de olhar despido, Comecei a escrever uma história que rompe-se a cada tempestade, como um eco na eternidade…Deixo o meu sorriso cheio de tempo e verdade, que cultivo em canteiros secretos onde brota terra de jardim,  germinando as flores  onde descansa o meu coração cansado…Semeio verdade, nunca me esqueço das janelas e dos laços,   espero que o mundo me aconchegue na ternura do meu cansaço e os sorrisos sejam punhos  na alegria de lutar… Neste meu caderno que aqui partilho, existo mais do que em pensamento e rascunhos, mas é na ponta da caneta que os meus dedos se tornam corrente que me transportam para longe , longe demais, onde as palavras gritam silêncio, nesta caminhada que se tornou prudente , instigando-me de maresia como se esta,  fosse parte integrante das correntes que descansam no areal de todas as marés … Fico por aqui, nessa maré entre o refugio e o abraço

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Hoje como é difícil saber onde pertencemos, uns acenam de um lado outros de outro e o bater do coração abranda , cada noite o sono foge a mil e cada esquina me descubro cada vez mais pequeno…Já quis... Já quis que o amor fosse louco. Já quis tanto que, de tanto querer, o amor me sabia sempre a pouco. Já quis que o amor fosse apenas insano. Já o achei sagrado e de tão sagrado que era, depressa se tornou profano… Já quis amor que nem me cabia no peito. Era maior que eu, e isso não condiz com respeito. Já morei em amores de instantes, já respirei amores ausentes, já tive amores distantes, fraturantes. Já deitei amor fora, por não saber o que lhe fazer. É que o amor não consumido, azeda, não se deve manter ...Já transformei amor em raiva, já perdoei um amor não correspondido, já achei que para ser amor só valia se fosse um amor sofrido. Já dei mais do que devia dar, já me senti o mais amado, já achei que tinha tudo, e já vi tudo transformar-se em nada. Já morei sozinho no amor, por achar que amar bastava. Mas amar os outros esquecendo-te de ti, é dar amor e ficar com nada. Já quis que fosse tudo. Tantas vezes pedi que desse flor… Hoje, tranquilamente, vos digo, para mim, basta-me que seja Amor. Hoje apenas me torno passageiro, de um sopro, que se faça de paz e vivencia na beira desta praia onde me faço na textura, do que ainda desconheço, mas me reflete no seu semblante com uma determinação irrepreensível! Só há uma saudade má que não podemos sentir, é aquela que não podemos ir a trás...Tenho servido meus pensamentos com serenidade e calma, tentando dissuadir as circunstâncias do que vivo para ser capaz de seguir adiante. Cada passo que tento dar , faço-o numa pegada suave que direciono meus esforços no entendimento da dimensão dos dias, que chegaram a ser tão letárgicos. Sinto-me díspar, como se tudo ao redor fosse efêmero, apenas e cada dia seguinte seja apenas um esboço desfocado. Pareço meio fora do trilho, em desequilíbrio com a ordem vigente…Coisa de momento, situação essa que me desorienta e me larga à margem, perdido e sem direção, segrego sonhos em um fino desconforto, já acreditei tanto neles, mas estes não me foram fieis, o meu bom senso desorienta me mais que os sagrados passos, este desalinho me altera, buscando encontrar o rumo, a rota para minar os temores e o cansaço dessa paralela busca… Arduamente luto para realinhar a órbita do coração, equalizo a frequência dos meus pensamentos, da minha larga sinceridade e meu colo tão denso e farto descalça-se sem o amor! Ando sem sintonia, sem sentir a sequência das horas, a passagem dos dias e dos abruptos momentos que, por fim, ignoram a minha saúde. Hoje apelo à minha alma, sedenta pelo sorriso derradeiro e pelo abraço caloroso de raros sentimentos, um momento de glória, uma ocasião onde os braços possam vibrar pela cálida felicidade. Tudo tem me deixado distante, longe em algum lugar, que nem sei bem qual é ainda…Á parte do que se segue, do que flui e nasce. Mas é com destreza que me vou desvencilhando dos elementos que lesam a frequência do meu sinal no mundo, com a vida. É uma batalha diária e franca, para novamente voltar ao eixo e seguir adiante. Vou de peito aberto e esperar a honestidade de um único ser… Às vezes é bom desacelerar, apurar os olhos para o quadro bonito da vida e perceber o que de fato é essencial para nosso crescimento.Todos os dias me vou disciplinando a isso, porque a nossa felicidade não está nas mãos de ninguém, mas claro que está dentro de um amor, e para quem tanto busca um, é talvez a coisa que torna a vida mais aprazível e enriquece as alegrias. Podemos ser felizes por nossa conta, mas se aparecer alguém para compartilhar a felicidade, seremos muito mais...

sábado, 14 de outubro de 2023

Hoje o tempo transforma-se como uma fortaleza de papel, onde todos os passos se resolvem em caminhos esquecidos, por horizontes que se erguem como livros arremessados! Antevi tudo o que me cerca, como se tivesse que esconjurar silêncios, que guardei do mundo quando estes me traçaram a órbita. Tenho nas minhas noites e nos meus dias os amores das estações, mapeadas em latitudes e as longitudes...Guardei tudo aqui, os pontos fundamentais que me marcaram o norte e o sul e o perplexo...Hoje vou dar-me a esta ilusão de uma noite lucida e depois parto pelos dias dentro, interiormente, como uma maré de um sentimento. Tenho na pele a nostalgia de um lugar perdido onde emergem grandes navios adormecidos no horizonte azul ferido. A morte dançam-me no olhar pensativo silênciado. Esta coreografia de lágrimas finda, escondendo na imobilidade dramática das palavras mentidas o diário da falta de senso que se transformaram em arranhões no ferro que fundiu as linhas do meu Mundo no fim do amor que nunca brilhou a recompensa de um destino.Ah! Enquanto eu desejava essa recompensa outros se escondiam em massagens divergentes, ficticias, mas eu lutava no labirinto dos efeitos e das causas pela diversidade das franjas que apelavam honestidade ... Hoje sinto tudo ao meu redor, o ar, o som, o espaço, o vazio, até mesmo a gravidade, sinto pulsar em mim, quando oiço o sangue dentro de mim a circular nas artérias, tudo me impele os sentidos, sinto-os como se sentisse do meu passado a dor do crescimento dos meus ossos, hoje vejo tudo de forma diferente, a dor não nos deixa ter os sentidos apurados, e quando percebemos o calor das inquietações, acenamos envolver os mistérios, jogá-los ao céu com o intuito de desembaraçá-los. Porque há mentiras que não nos esquecemos, sabíamos da sua verdade, o comum mortal tenta aguçar o olhar, e ao fazemo-lo os erros ficam salientes como colinas no nosso olhar, já não os conseguem esconder... perdemos os sentidos, o desejo, o medo, nada existe em nós apenas a mudança de olhar, um virar de olhos, um passo à frente e qualquer gesto muda tudo ao nosso redor. Como se a atitude principia-se a alternância do mundo, qualquer palavra se tornasse órfã diante dos nossos demônios... Queria tanto guiar o bom senso mas, diante de tantas reflexões, caímos dentro da realidade, sinto que o mundo não precisa de um alinhamento, quem precisa somos todos nós, tudo aquilo que nos torna humanos são delitos interiores, que decididamente me desorienta e acomoda. Não dá para ficar à parte. As maiores mazelas moram dentro de nós, a doença adoece o mundo. nosso olhar fatigado anui o câncer que vive à custa de nossa inoperância. Será possível domar o que nos eletrocuta com doses significativas de apatia? talvez , não sei, ao menos se a luta fosse abalizada com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se curar, a dar vida às cores desbotadas pelo tempo, e mudar as vestes, esta mudança ornamenta os caminhos com legitimidade, com a essência humana e necessária para dar novos tons ao que se pendura ao redor. Chega uma hora em que precisamos ficar de mãos dadas, e firmes para suportar tempestades e atribulações naturais rumo à felicidade, percebemos finalmente que cada pessoa depende da outra para sobreviver, e que a união é necessária em muitas ocasiões. Abrimos os olhos e então finalmente não há mais diferença social, nem cor de pele, nem preconceitos tolos e ridículos. O que nos ajuda a perceber que na busca pela harmonia, pela paz e pela felicidade, faz-nos descobrir ferramentas capazes de encontrar isso com facilidade, e tesouros dentro de outros seres humanos. Aprendemos que o nosso melhor poder é a partilha da alma, justamente o de se doar aos outros, assim como os outros se doam para nós, numa infinita troca solidária de emoções, numa saudável interatividade e socialização entre almas, que no fim, buscam as mesmas respostas. Hoje chuva, fraca, respinga morna em meu rosto magro, de semblante abatido. Deixando este calor embriagar-se até o coração. Percorri a penumbra de uma rua assaltada pelo pavor da madrugada. Foi uma noite fragilizada pelas badaladas de horas vagarosas e impertinentes as gotas pareces pesadas rastejam aos meus pés sem rumo, sem direção, carregando em suas mãos a culpa pelo ato desvairado e descomedido que me assolou…O coração palpita quase sonolento, sofrido pela tensão suscitada, treme do frio que preenche o íntimo. As nuvens recolhem-se como uma cortina fechando o espetáculo e a conclusão é épica, mas trágica, um desfecho como o fim de uma leitura, onde o fim não agrada, como uma trovoada, Que fecha um ciclo. Abrupto. Revelador. Assustador, deixando os meus dedos convalescer diante do que restou, sem alento, sem cor… Basta um deslize e escorregamos, tombamos da tênue corda onde nossa diminuta alma caminha. A cada choque com o chão, estilhaços de nós saem como fugitivos amedrontados. Diante de tantas testemunhas, o impacto no solo não é só doloroso, mas vergonhoso...Caimos sozinhos, e só conseguimos algum retorno com treino adequado e intenso. Apenas com muita disciplina encontramos o ritmo e a sintonia do equilíbrio.A vida não abranda,o espetáculo segue ininterrupto e a plateia não suporta pausas, a programação não se altera e nada se adequa às nossas limitações, tampouco há reestruturação na estrutura do palco, este mantem-se velho e usado! Algumas dores ecoam muito a fundo, atingem tecidos internos da alma, a engenharia íntima dos nossos sonhos sofrem fissuras, em efeito à realidade da superfície tão dura. O caminho para a tranquila passagem sobre os fios poéticos da vida é antecedido por muita reflexão, por embates que põe nossa consciência diante dela mesma, os limites espelham-se, caimos com o choro cristalino do descernimento e nunca aprendemos a olhar apenas por dentro porque era apenas extrair dos olhos o proprio alcance, por mais que certas condições frustrem e nos coloque solitários diante dos desafios e do mundo, apenas nos tornamos humanos ao persistir, nessa tensão que é estar sobre a corda laça em que a vida tanto nos põe. Culpo dezenas de sonhos desenhados a carvão, culpo os espaços entre a luz, culpo os sons que desafiam o silêncio de uma casa vazia, culpo o que evelhece mais pela desilusão que pelo tempo, culpo a noite que me levou para longe!

sábado, 7 de outubro de 2023

Hoje é daqueles dias que, ao abrir os olhos me sinto num mundo diferente. O dia irrompeu com um especto incomum, pouco familiar, suprimindo aquele bem-estar tão característico das manhãs. Nem o cheiro da rotina é capaz de despertar o fresco das memórias, aquela intimidade estabelecida com o que me cerca. Diante do espelho, nem me conheci. A imagem é meio embaraçada, até a procura de respostas é irrefletida, demasiadamente vã. Não há um impulso apenas a intuição entoando os cantos da alma. Não há nada, de fato. Entrei num estado quase mudo, numa imagem furtiva que acalenta a alma. Ante o desconhecimento, da imprevisibilidade o silêncio faz-se mãe de todas as ações, superfície que apazigua brandamente esta aflição. É um estado erradio, em que o corpo nem sempre responde direito aos sinais externos, como em um ato de fuga, em que tudo responde apenas ao ato desesperador… Tudo promove o prolongar, na evidencia do qual nos viramos reféns. A vida transfigurada impõem-se dia apos dia, o mundo apresenta-se como se fosse a primeira vez, igual dia em que abrimos os olhos, logo ao nascer. Somos confrontados e apresentados a este ciclo que gira interminavelmente, período após período, só que o corpo sente a transição, e fica deslocado, simplesmente perdido. Ninguém nos compreende, tudo é abrupto nem tempo poderemos ter de despedir de quem mais gostamos. É tudo muito fugaz. Somos apenas um sopro que se aparta nas texturas de ontem. Nem tempo houve para me desligar das nuances de outrora, da simetria enternecida das memórias, que davam formas à vida que tinha…As nossas sementes são regadas todos os dias, as quedas e experiências que moldam a alma, o corpo, mente, tornam-se professoras de diversos aprendizados... Todos os dias nos despedimos de partes que já nos representaram. Mudar é sempre entrar em um estado diferente como um espetáculo solitário, por ninguém apreciado nem mesmo por nós mesmos…Somos senhores de nossas reclusões, cegos desnorteados, de sensações impares, reféns dos delitos cometidos pela inconsciência, dos pecados vividos na mania de sentir e deliberar tudo o que se distingue pelo território que nos circunda. O tremor inconstante do imprevisível pousa dilacerante, estremecendo as bases do nosso peito. Somos frágeis na força, fortes na fraqueza, impávidos no amor, somos humanos apenas…Obrigado a todos os que por aqui estiveram… Uns de mim, dirão coisas imaginárias, outros, nem por isso, talvez porque não me sinta uma unidade de instantes mínimos, seja feito de vésperas e dias seguintes, sempre ciente da expectativa que a véspera me trás e da realização que o dia seguinte me pode trazer...

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Hoje o cerco se fecha diante dos meus olhos, por muito que tente conduzir a minha vida pelos mais fidedignos caminhos, os corredores esttreitam-se, há momentos em que apenas viramos elos fugidios de uma arquitetura muito além da nossa compreensão de humanos, tudo  desalinha ao sussurro humano, e proporciona calor à frieza dos dias vazios. Debatemos-nos no meio de meandros pelas quais somos aniquilados, salientando sonhos, costurando emoções e desvencilhando as vestes esquecidas pela sombra da dúvida. Nem sempre fica tudo explícito nas nossas vidas, rodamos o rosto e não conseguimos ver a nitidez de um mundo que adoece, investigamos rostos difusos, paisagens abstratas, elementos carentes, que são apenas mais uma das situações que nos caem ao colo, mostrando que há ainda encantos, porém, por escombros pouco aparentes. São raros os momentos em que não nos sentimos distantes, desconectados dessa trilha em que a vida, calidamente, nos coloca. Os passos anseiam terra firme, clareza, emoções de alma, um encaixe perfeito de abraços indulgentes e apelos francos...Os olhos caminham vazios, em uma vã tentativa de esmiuçar sentimentos concretos, de desentrelaçar os nós que surgem enquanto perdidos, estamos... Falta consistência, todos os elementos nao expelham a realidade, apenas conduzem energia à nossa ‘fiação’ interna. Não há consonância. Trilhamos os dias à espreita, como vítimas que se desligam do essencial e se atiram em paralelo às curvas do mundo. Mal distinguimos um passo à frente, tudo anda muito desfocado e fora do lugar, com cores que desbotaram as melodias dos sonhos... Hoje padecemos em esporádicas alegrias, denotando a fraqueza de tanto vestir a mascara da alegria, sinto-me cansado. Perdi os mecanismos vitais, tudo se desuniu em mim. É esta sensação que preenche o íntimo, que me isola em profunda sonolência, apatica, como se quase tudo tivesse perdido a vivacidade e o brilho. Não há emoção em sorrir. Porque as calçadas andam vazias por demais os corações repletos de ar, multidões que não se encontram por estarem tão desligadas de si...hoje enxugarei os meus olhos e o olhar apenas contra o espelho onde eu me reflir, não queria sentir-me tão fraco, olhando apenas para a cabeceira, sou um ser de um elo de almas e pensamentos, que se funde numa troca de olhares e sentidos...Sempre seguirei enquanto aqui estiver o meu proposito de difundir apenas sentimentos puros da mais leve e verdadeira maneira, sentido!

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Hoje tenho o silêncio a ecoar pelos cantos, como se fossem gritos mudos, apenas audíveis pelo meu coração sedento, por algum misterioso sinal, desta vida. Olho para as estrelas, numa tentativa inocente de me sentir menos só, é tão fácil nos sentirmos sós! É um gesto de concordância com a vida que vestimos sem rumo, onde as palavras se vão expressando. Lanço-me em buscas que desafiam meu raciocínio, que me colocam frente ao obscuro dos dias, de um mundo longínquo pelo qual me atrevi a trilhar.Lentamente torno-me passageiro desse sopro, dessa carícia que ainda me extrai o senso de humanidade … Adormeço e me encaminho, palpitando roteiros para uma nova viagem, por alegrias, contentamentos que amenizem os avessos do meu sentir. Entre buscas e tentativas, padeço meu olhar franco e resoluto… É a consistência de dias legítimos que eu busco, feito o sossego que se vivencia na beira do mar. Como ele, sou feito de uma textura que ainda desconheço, mas desenha em meu semblante uma determinação irrepreensível. Mesmo que, por vezes , diga, muitas vezes que, surgem momentos que cansam meus passos, minhas entregas frente a sonhos tão intangíveis e distantes. Sou feito de tentativas, e são delas que me atrevo a ir além do que sou, do que vislumbro e experimento ao redor. Sou refém de uma prova dura, da qual sou incapaz de abandonar…Cada experiência tem um limite, não é um teste que me prepara e me condiciona a suportar as quedas que o caminho me oferece…Não procuro uma vitoria, nem tão pouco troféus da vida , já que estes são apenas o que conseguimos alojar no nosso coração, não há nenhum prémio que qualifique a vida! Há etapas singulares , afetos saudáveis, que geram o amor que nos enobrece e nos faz suplicar um tão abraço cálido e desejoso. São poucos os que nos conseguiram tocar na epiderme dos sonhos, na penumbra do caminho desbravado, sempre tive um empenho árduo que me agraciou a alma, me empolou as espectativas, retirando o discernimento do coração. Hoje digo que talvez não seja tão importante encontrar o que se busca, afinal eu sei que encontrei Aquilo que tanto buscava, quanto a isso sinto-me totalmente preenchido. Toda a busca pode ser incessante, mesmo que acumulemos apenas tentativas , em algum momento toda essa busca , valerá apena…Sem dúvida, após muito trilhar, viveremos, tornaremos real e próximo o que nos impulsionava. Cresce-se ao vivenciar, ao sentir o sabor de uma vitória,isso eu sei...Podemos nunca a conquistar, mas podemos com muito esforço e entrega, realizar um sonho, que pincele não somente sorrisos no rosto e na alma, mas a certeza de que nada está tão distante que não esteja ao nosso alcance!

domingo, 1 de outubro de 2023

Hoje os olhos alcançam mais que as mãos, acenam em distâncias o que nenhum gesto de corpo é capaz! Mesmo assim continua longe de se ver o além por trás da linha do horizonte neste quadro da vida ao redor, que nos classifica e nos limita, impõe-nos a paralisia como se fossemos uma estátua com espaços para poucas lapidações. Mas da mesma forma como as paisagens são mutáveis com o tempo, a nossa alma se transforma ao mínimo movimento, e nos olhares, pode mirar o versos no horizonte, com o aprendizado nos tornamos capazes de alcançar os sonhos escondidos por trás do tecido celeste das margens dos rios e das nascentes que ao longo do caminho, fomos adormecendo na incógnita indefinição das horas… É possível atravessar fronteiras, exceder os limites da nossa capacidade para concretizar os desejos mais íntimos, passar por cima da nossa capacidade e ser, não o faço, mas viver é uma constante surpresa quando nos condicionamos a galgar os degraus com afinco e determinação, quando cada dia é vivido na totalidade, pelo anseio de ser feliz, em alcançar as realizações que aprimoram, com sorrisos e orgulho, do ser dentro de nós que alguns vulgarizaram na esquina das suas ações… Não sabemos o que nos aguarda, porém podemos lutar para nos tornarmos a realizar, no que queremos. Há possibilidades, chances de superarmos os desvios e obstáculos para alcançar os prêmios por se viver, e isto é uma passagem tão pequena. O horizonte se expande na medida em que seguimos adiante e só então, no seu devido tempo, os sonhos se descobrirão, estando ao alcance de nossas capacidades. Quando o dia nasce, e o sol desponta em nossas vidas, atestando a beleza de nossos sonhos, percebemos como cada vitória é um alento e nenhum sonho existe em vão, todos seguem uma razão para nos orientar. Porque nos permitem viver. São paisagens muito além do alcance dos olhos, mas aprendemos que é possível de ser avistado, sobretudo, vivido por um ser que nos reflita também… Hoje posso até ser poesia sem ser, há quem o diz que sou, mas nem me atrevo a tentar sê-lo , só sinto a minha fala por desconhecê-la, sou humano por continuar a buscá-la e corajosamente a escreve-la ...Mesmo que nem eu mesmo a saiba definir , sou apenas mais uma alma que nas letras se alivia ! Às vezes um pensamento, por mais reflexivo que seja não nos apetece, não estimula nosso coração. Diante de tanto caos, há vezes que não desejamos pensar muito. Queremos somente um pouco de paz, fazer uma viagem silenciosa por palavras que abracem sem códigos, sem descrições enfeitadas ou imbuídas com significados.Posso ter a pele estilhaçando, mas as minhas palavras ainda são de aço, não derrapam assim tão facilmente, é nestes dias de reclusio que preciso me redescobrir nos meus dons, enquanto outros bailam á beira mar vivendo de fachada... A mente, por vezes, quer ser livre, somente. Para sonhar com alegria, sem cortinas que se as abrirmos veremos aquilo que nunca haveríamos acreditado… Hoje precisava mesmo de um poema de amor, para quem sabe rerescar a alma e o coração , que amaciasse o afeto e a delicadeza de cada um de nós, mas não consigo fazê-lo, sinto-me meio perdido nestas linhas tortas da vida...

sábado, 30 de setembro de 2023

Hoje, mesmo que o meu reflexo vire páginas de palavras ou melodias sem forma eu vou seguir em frente como sempre fui fazendo dentro dos meus timings, porque é por ai que não há sentenças soltas e silabas atadas, o mundo andes do ser, la longe no vácuo que se dissipa, já tinha vocação e significados para as atitudes …Eu não vou ficar quieto ao relento, porque não sei catar o vento, ele é indivisível e nada me rende… Hoje sinto este aperto no coração, ele sente mas não é capaz de seguir, as palavras nascem escuras sem cor, tento escrever o que o meu coração sente, mas não sou capaz. As palavras nascem escuras, sem as cores que tanto davas aos nossos dias, fazes-me falta, sempre fizeste com um olhar cristalino de teus olhos, não quero pintar minha saudade com a escuridão da noite, nem com o negro da dor. Quero que elas tenham teu sorriso, tuas palavras e toda a tua alegria, que dedicaste em nossa vida, durante os teus anos de vida, por isso, hoje deixo a saudade correr nas minhas veias e encher a alma daquilo que sempre nos deste… amor! Não tenho o direito de sentir saudades de mais nada na minha vida a não ser tuas…Continuas vivo em mim… No coração e nos pensamentos de todos os que te amamos. Deixo um beijo e uma lágrima em cada estrela para que te sejam entregues querido Pai, sinto tanto tua falta… Os campos da minha alma estão completamente vazios, tristes , nem o Outono os consegue pintar com a sua melancolia, ou nem a primavera ousa entrar, pois a tua imagem faz nascer papoilas nos sonhos do Inverno… Como uma flor, soltaste no tempo o aroma de uma flor em maresia, semeaste o sol nas nuvens que teimam em não chorar a chuva, iluminaste as estrela em noites serenas, fizeste o amanhecer numa aurora de esperança que acaba por morrer na solidão do vazio que se adensou … Ainda assim , mesmo ausente estes anos todos , pintas cada dia como uma pagina de um livro cheio de cores que os pinceis do coração desenharam como um arco-íris na papoila que me deste…Hoje gritei o teu nome na voz silenciosa da noite que tanto procurou a tua presença nas estrelas ocultas…Sinto que te perdi na indiferença de uma lua oculta, mas vives em mim enquanto o meu coração conseguir Pulsar, porque os teus sentidos , emoções que me ensinaste escondem-se na noite que hoje volta a ser oca de sonhos…Sinto a tua falta, não sei quando te voltarei a ver, mas sabes uma coisa Pai, já não me importo porque sempre soube que ia ser assim, guardei-te no meu coração antes de partires, e deixei-te pulsar nele, para agora me guiares de novo neste fio invisível que é a vida até ti…sinto falta de muita gente e te ti também…Hoje farias 78 anos, beijo daqui até ai no teu coração...

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Hoje gostava de conseguir encorajar alguém que como eu, pensa em desistir, alguém como eu que suplicou durante anos para as coisas mudarem, sim , mudarem, porque todos merecemos o nosso céu ou pedaço que seja dele! Sinto-me dobrando, desmantelando, desmoronando, já me ajoelhei perante a vida dentro de uma tempestade que nada fiz para ela me assolar, sinto-me fraco, como se este momento esteja a ser o fim da linha...Tenho duas opções, desistir, ou tentar enfrentar o tumulto que entrou dentro de mim, ouço vozes que me chamam e me tentam elevar e me tentam reerguer , mas, não consigo manter-me firme , sou humano, imperfeito, nunca tentei ser perfeito, nem pedi a ninguém para o ser...Estou a dar um passo de cada vez mas é insuficiente para acompanhar a energia que a vida me colocou na frente do caminho. É difícil, eu sei, pergunto se vale apena, lutar contra algo que sei de antemão que me vai vencer, acreditar valerá apena, lutar vai valer apena?! Temo que não...Assumo que estou assustado, exausto até, já me reuni comigo mesmo , voltei atrás, à minha infância, em vez de a questionar, fui implacavelmente questionado! Amei o sol, mas as coisas não crescem por causa do sol, temos de ter a chuva também...Eu sei que tenho de deixar de olhar para a chuva como algo ruim na minha vida, os meus melhores momentos não vieram nos bons momentos da vida, eles vieram das minhas maiores derrotas! Foi durante as minhas derrotas, que eu tive de encontrar uma forma de me erguer de novo, não houve um minuto que eu não pensasse que fui derrotado, porque há coisas que não podemos lutar contra...Não sou fácil de dobrar, mas sou facilmente, fácil, de quebrar, não quero desistir...Quero viver, posso não conseguir, mas não me vou render, pelos anjos que amo , elas merecem que lute até sucumbir, que ao menos tenham orgulho em mim nisso... Vou manter a cabeça erguida, colocar uma máscara e fingir que está tudo bem, se fazer é fácil, não, não é.... Se fosse não veríamos milhares a tombar .... Não vou dizer a ninguém que vou ter um dia mau, vou antes dizer que o meu final de vida não foi tão bom como acho que merecia! Não vou olhar para a noite como a escuridão, vou olhá-la como um abrigo, porque as horas não passam, e o relógio parece que parou! São longas as horas e os dias, as paredes de casa guardam sombras, e os ingênuos raios da lua, que replicam as minhas memórias...Sinto o sangue acesso, as sensações da vida não estancam ... Provo o doce e o amargo nesta vida, levo os sabores todos comigo, que ainda perfumam o meu cabelo, nesta sensação de sombras, sonhos, deixei de ver as janelas do meu peito, a neblina adensou-se engolindo o cosmos! Nunca me senti tão pequeno, insignificante até, como uma pequena gota de água que o vento secou...Eu era apenas uma gota, quando havia tanta água, não é um mistério para mim, nunca foi, vejo este momento como toda a minha pequenez quando o momento só a mim me pertence, o tempo não me chegou para decifrar todos os momentos da vida, agora também acho que já não tem muita importância .... vida até podia ser tão simples, dando prioridade para quem nos prioriza e o resto apenas resto mesmo , seria o cometa de sonhos do dia a dia, onde se alimentaria o itinerário e as andanças com luzes e alegria que vestiam a fantasia mesmo na ponta das lanças! Não sou eterno, sou mesmo muito pouco, gastei a vida em sonhos, até hoje fiquei apenas com o troco…Sou simplesmente o intervalo entre o que desejava ser e o que os outros me fizeram ser…

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Hoje os olhos vendados são o limite das palavras, padecem na levitação do corpo onde nem a musica dos dedos no teclado fazem o silencio na heresia do pensamento. Tudo o que passa fica nos acordes íntimos da pele, que vai contendo a explosão que nos trará a leveza… Há palavras que não deviam ser proferidas, são insanas , inverdades e contrariam o que se sente na realidade… São palavras que tem vida própria, saem desmedidas como símbolos gramaticais para nos magoar, não são a nossa ordem de mundo, e não nos revemos nelas…As palavras são soberanas, magoam-nos assim como nós sabemos que ao proferi-las magoamos os outros, elas não foram lapidadas nas roxas , não são a nossa cor nem o nosso peso, são arremessos insanos que desmedidamente arremessamos na incúria dos nossos corações! Somos todos, sem exceção, muito pequenos quando nos erguemos e levantamos a mão para falar de amor, perdemos-nos tanto nesse sentimento, mesmo ele sendo capaz de nos fazer VIVER SONHOS REAIS, as promessas que se cumprem de todos os desejos que temos …São nesses pequenos instantes que eu, e falo por mim, vejo onde pertenço! É nos abraços apertados de quem nos busca para os imortalizar, que ficamos de corpo e alma, só quando estamos a mais é que nos recusamos ai a pernoitar…Somos mesmo pequenos, estúpidos, insanos, porque quando falamos desse sentimento, não nos podemos aliar de cuidar dele também, proteger o nosso coração, fazer com que o destino de todas as conversas, sejamos só um e não viver num circulo onde terceiros opinam e fazem das nossas dores um suporte para a queda deles mesmos…Seja como for, hoje sinto-me mais humano, sem duvida, grato por muita coisa...Grato pelas ondas que fazem som na minha alma, nesta simbiose de corpo com, água e sal, nesta ilha que desenhei, que me esmaga, me abraça, me conforta, e angustia, num misto de solidão e paz, de luz e de negro, onde sempre me acho na quietude do consolo deste espelhado infinitivamente azul. Olho o céu mais uma vez nesse ponto onde um dia, o sol se pôs , entre duas almas, que tão longe, hoje se colocam num ponto inalcançável, de palavras imprevistas , inteiras, insensatas, transgressoras até! Peço à voz que não soa, que me roube no coração,as palavras que escrevo…os sonhos que sonhei…o respirar que inalei… Podem fazer-me parecer noturno , imperfeito , mas !! Olhem-me de novo, sou a água que escapa do rio, delizando apenas, sem tocar as margens, com menos nas mãos mas mais atento...

sábado, 23 de setembro de 2023

Hoje tive de ligar para a minha infância. Liguei-me, sem telefone, imaginem! Dentro de um sonho do tamanho das minhas mãos, bem diferente dos que já vivi ... Quando a minha infância atendeu, não queria acreditar que lhe estivesse a ligar! Não achou que era possível, nem eu...Achou que devia estar a ligar de um futuro muito longínquo, aliás, por momentos, até pensou que eu lhe pudesse estar a ligar de outro planeta... Logo tentei explicar que não, que se acalmasse , pois estava , vejam, a ligar apenas 40 anos mais tarde. A agitação instalou-se , uma vez que na minha infância queria saber tudo, desse trajeto , como se isso fosse possível de um impulso só. Quis saber se era como imaginávamos, idealizamos em pequenos, já que a única preocupação era saber que personagem nos tornamos 40 anos depois...Como se num instante, fosse possível pensar e fazer acontecer! Como hoje, tentei explicar que podíamos sonhar e começamos, logo, ali a flutuar, mas isso era apenas um passo até viver, e nem sempre o que sonhamos , conseguimos viver... Insatisfeita a minha infância, fingiu não ouvir e passou à frente, perguntando, quantos países visitei, e eu, ali retido, neste ponto da vida, tive de dizer que muito poucos , que se contavam pelos dedos de uma mão, porque a vida não me proporcionou, até agora uma estrada para conhecer mais...Mais uma vez, insatisfeita, a minha infância, voltou a fazer uma nova pergunta, quanto ao amor, o que consegui ostentar até essa idade...Bem , fiquei sem uma resposta pronta, pois essa sabedoria não tem idade. Pela experiência que vamos adquirindo vamos aprendendo com as derrotas, pelo preenchimento que nos chega com um sorriso e pela aprendizagem que fica de uma lágrima vertida. Essa experiência , a da vida, por vezes, faz-nos achar que já temos o conhecimento necessário ou, no mínimo, o conhecimento básico sobre quase todos os assuntos do amor. Achamos sempre que já experienciamos quase tudo e que isso é o suficiente para nos dar a bagagem necessária para não voltarmos a errar da próxima vez., mas há sempre qualquer coisa que nos deita tudo isso por terra. Que nos muda as perguntas e que nos baralha as respostas. As relações humanas hão de ser sempre um dos maiores mistérios da humanidade. Desengane-se quem pensa que é sábio em relação a esse tema. Quem pensa que tudo sabe, arrisca-se, seriamente, a viver para sempre na ignorância. Temos que ser humildes e sábios perante as adversidades , não sou diferente. Também eu acho que já adquiri toda a teoria , porque é que na prática é sempre tudo tão diferente …A minha infância ficou incrédula, era eu do futuro a fazer uma pergunta agora ! A minha infância retorquiu logo que ia ter um relacionamento perfeito e acabaria por ser muito feliz , porque não iria dar tudo de uma vez só ... Petrifiquei! Juro que o meu coração bombeou duas vezes mais rápido naquele momento; juro que o ouvi pulsar mais depressa e juro que aquelas palavras saíram da minha infância para virem bater de frente comigo tal e qual uma colisão frontal. Perguntei então eu , como não dês tudo de ti? Como assim? Como é que passamos metade da vida a formatarmo-nos para encontrar alguém que saiba apreciar, verdadeiramente, tudo o que temos guardado dentro de nós para, agora, nos virem dizer que o segredo é não dar tudo? Fiquei em choque. Afinal o eu também posso dizer que só "sei que nada sei" tinha acabado de ter efeito prático. Aos poucos fui recuperando a respiração e as cores também certamente... devem-me ter voltado a face. Aos poucos, foi como se este choque frontal tivesse servido para um acordar letárgico em que me encontrava talvez desde sempre. Fui compreendendo as palavras as palavras que a minha infância enfatizou…desmistifiquei, há pessoas que gostam de sentir que nos conquistam diariamente, como quem ganha um jogo mas tem o campeonato para ganhar, já outros, apenas dão por adquirida a conquista...Eu hoje tenho 40 anos à frente da minha infância, sempre gostei de me sentir especial na vida de alguém, e de fazer a pessoa sentir-se especial na minha vida, talvez demonstrar tudo , seja um erro, não sei, não consegui aprender, porque ninguém consegue sobreviver , recebendo uma mão cheia de desinteresse ...Não somos mesmo todos iguais, nem mesmo somos iguais na infância ou no futuro, eu continuo a preferir não perder um traço da minha personalidade , dou-me aos outros porque acho que só assim as relações humanas podem vigorar de forma saudável, mesmo que a minha infância me tenha feito esvaziar de mim mesmo , recuso-me a conseguir uma vida cheia de nada, porque eu também sonhei em pequeno, e é o que sonhámos em pequenos que nos fará grandes no futuro que ainda está por vir …

quarta-feira, 20 de setembro de 2023



Hoje, perguntaram-me, porque escrevo ? Discretamente esbocei um sorriso, mas acho que vos devo a resposta. A vós, que também se vestem das palavras , as minhas , tantas vezes vossas. Escrevo desde que comecei a não perceber as pessoas, e a mim mesmo,  com isto, espero que saibam que os guardanapos, também contam aqueles guardanapos de café e os cantos das toalhas de papel dos restaurantes, não contam? Claro que contam! Numa primeira análise eu sou igual a todos vocês, porque todos escrevemos para nós. Escrevemos para fora o que sentimos cá dentro. Escrevemos, essencialmente, para nos conhecermos, a nós. Nós que vivemos connosco, todos os dias, não nos conhecemos desde logo  e desconfio que uma grande parte das pessoas nunca se chegam, realmente, a conhecer. Nem mesmo dentro das relações... É quando te conheces a ti que começas a conhecer, verdadeiramente, o mundo e a tudo o que fizeste por causa de outros… E é, aí, que começa a grande viagem. É aí que começas a fazer as pazes contigo mesmo, porque acredito que todos tenhamos pazes a fazer connosco. Escrever permitiu-me isso e ainda me permite…. Hoje mais que nunca…Por as coisas no sitio certo, sim porque muitas vezes dizemos barbaridades que não sentimos, assim como outros nos dizem, e se refletirem, não o sentem!  Guardar o tem de ser guardado, deixar o que tem de ser deixado e consolidar o que tem de ser consolidado. Depois, bem, depois vem esta inquietude da alma. Esta insatisfação natural que nos obriga a expressar, seja de que forma for. Acontece a todos aqueles a quem não lhes chega só ser parte de algo ou estar literalmente no canto da vida de outro alguém…Escrevo,  quando o sentir é subcutâneo, quando me  transborda, e não tenho a pessoa certa para comunicar,  quando não cabe mais no peito, o que sentimos e temos de o deixar sair de alguma forma… Gosto de vestir as palavras, mas já me vesti de pessoas dando-lhes cor, levando-as as tornar-se leves ou de lhes conferir os sorrisos da vida…Gosto desta sensação de sentir que são elas que me guiam, sim porque já me guiei por pessoas, e meus amigos, perdi-me totalmente, assumo, estou hoje a pagar por isso, de uma forma amargurante,  mesmo que continue convencido que sou eu que as encaminho uma a uma formando o meu pensamento… Por fim vem a mensagem, porque tudo o que escrevo tem uma, poucos ou ninguém me conhece ao ponto de o saber,  de a extrair, é ai que vem o ensinamento, eu extraio-a de mim … Encontramo-nos com as respostas que nem sabíamos que lá estavam, encontramos aquilo que sabíamos que estava lá mascarado, o essencial  é dizer o que esta latente em nós,  no seu estado mais puro, que é saber que escrever deixa de ser um ato de solidão a partir do momento em que te apercebes que, afinal, escreves pelas mãos de tantos como tu…O silêncio faz ruido em nós, as palavras, não, elas imortalizam a razão, num golpe de alma em que a inquietude nos fere o coração…

terça-feira, 19 de setembro de 2023


Hoje vou escrever a saudade que desfia-se no passado, como quem tece a eternidade, porque há os que amam loucamente mas não sabem amar, outros que amam até só um pouco mas sabem amar. Mas também há os que não amam e sabem amar, os que sabem de amor mas não sabem amar , os sabem amar mas não sabem de amor, estes, fazem-nos acreditar que somos amados … Por fim os que não amam , não sabem de amor , não sabem amar, são o copo cheio de nada…É por isto tudo que começa as confusões nas relações e na vida amorosa, a serio! Seria tudo são simples se  tudo se resumisse a um amo-te e a uma pergunta se o outro nos ama… Seria de fato um felizes para sempre! Quando este diálogo acontece e duas pessoas percebem que se amam, dúvida e a confusão não terminam. Começam! Porque o digo, porque não está disposto na lei da vida nem em lado nenhum que duas pessoas que se amam, sabem amar, ou até, que uma delas ignore que algumas circunstancias fazem a relação entrar em declínio, o normal não é uma delas não se aperceber, é as duas não se aperceberem...podem até dizer, que  a maturidade das decisões não tem de interferir na intensidade. Não posso deixar de discordar, mais...O habitual é uma delas aguentar o resvalar dos dois, mas há um dia que até essa pessoa, deixa de ser assertiva nas ações… Amar atrapalha a sabedoria do amor, porque amar é um sentimento de necessidade, nem sempre entendida, ou compensada pela doação…Talvez amar , seja intenso demais para coabitar com a sabedoria do amor…Tanta gente prefere viver com outro alguém que sabe amar, mesmo que não o ame! Poderá dai brotar amor? É que quem sabe amar outro alguém até pode realizar o milagre de acabar recebendo amor de quem não o ama, ou ama e não sabe, porque quem sabe amar, la no fundo conhece bem a linguagem adormecida no outro… Meus amigos, sabe amar quem sabe do outro sem ser obrigado a ser quem é… Saber amar hoje sei, que é uma forma de arte, o amor é apenas um sentimento…Saber amar é uma criação estética do amor, porque nada é relevante nele, ama-se e pronto , tudo o que ele cria e gera…Não confundam nem deturpem o que digo, saber amar alguém não é de todo a aceitação passiva do outro, é uma existência ativa de ambos no mesmo mundo onde o real não é refutável e não precisa de ser jamais substituído… Saber amar, é conhecer as virtudes e os defeitos, é esperar, deixar fluir, não abafar até ao ponto que a outra parte não se anule e se envolva de angustia e dor…Quem ama, pode ter de desamar porque há uma medida exata dos orgulhos que valorizam o amor, não devemos vulgariza-los! Quem ama tolera ser maltratado, quem sabe amar ,jamais…Hoje quem respira aqui dentro , já nem sei se é a solidão ou eu mesmo, sinto que comecei uma caminhada onde terminei descalço dentro do meu coração…

sexta-feira, 15 de setembro de 2023


Hoje é inconscientemente, mas sinto a vida a fugir-me entre os dedos...Sinto que estou em depressão, assumo!! É ela que me domina tanto, controladora, e até castradora...Ela impede-nos de viver, puxa-nos para o fundo! Ela mantém-nos reféns, acorrentados, a um passo daquilo que nos destruiu ...Não nos deixa levantar! Ela sim não nos solta as amarras, mantém-nos ancorados...a uma baía sem vida, sombria...vazia...triste!...ela sim, mantém-nos num cativeiro...De inseguranças,  desorientações...oscilações, como se de um mar revolto se tratasse....tão depressa estamos na crista da onda, a desfrutar de um sol dourado maravilhoso...como, no instante seguinte, estamos no vale da onda (bem cá no fundo)...quase a ser engolidos pela imensidão de tanto mar ...E quando o mar não está revolto...deixa-nos à deriva...numa frágil jangada...num infindável espelho de água...sem terra à vista...sem porto seguro...sem um astrolábio...para nos orientar.... 
...no entanto...mostramos-nos, perante os outros, como se tivéssemos conseguido continuar...como se tivéssemos conseguido encontrar outro caminho, o nosso caminho..."Escondemos"...as noites de sonos e sonhos que deixámos de ter...Passamos a viver  ou (deambular) com uma máscara que "vestimos" todas as manhãs...de falsos sorrisos, falsas vitórias, falsa felicidade, falsas certezas...Pendurada no cabide do quarto... quando a noite chega,...como se de um acessório de roupa se tratasse...que só tiramos quando nos deparamos sós... ...Deixamos de ser fortes o suficiente...para deixar sair tudo  deixar tudo ir embora.... e, deixamos de ser fortes o suficiente...para deixá-la "entrar".... Passamos a maior parte do tempo a levitar....pois a força gravitacional tornou-se quase nula...vamos para onde o vento nos leva...sem rumo certo...e, às vezes, são rajadas tão fortes....para além de nos "enxovalhar"...leva-nos para "longe"...e, quando conseguimos, desamarrotar-nos, nem sabemos onde estamos!...Também pouco importa...Estamos algures...sem "estar" em lado nenhum!...Houve um tempo...não muito distante...em que, algumas vezes,  "senti" os meus pés tocarem ao de leve no chão...Dava-me alguma orientação, serenidade, autoconfiança...conseguia ser eu a dirigir o caminho a seguir!...Mas depois....veio uma "rabanada" de vento...,de novo, e me levou...para o incerto!...A minha voz já não ressoa...Danço com o vento, e como danço mal! Cai a noite....Mas depois...vem a dor ...uma e outra vez...como um raio que me atinge...Hoje estou assim, não direi porquê...Há dias que, apesar da presença do sol, não são luminosos ...

terça-feira, 5 de setembro de 2023


 Hoje eu já não acho estranho quando alguém coloca em causa algo que outros tem como adquirido. É uma sensação desconfortável quando começamos a duvidar das nossas certezas e dos outros…Mas, é humano! Eu tenho a noção de que sou uma pessoa de certezas, talvez de ideias firmes até,  por vezes fixas e inflexíveis, é verdade... Mas são elas que nos podem guiar na vida, nunca fingi ser outra coisa, sempre pautei pela verdade nas minhas ações e atitudes! Se não tivermos certezas como podemos sobreviver neste mundo? São elas que nos fazem seguir e estabelecer um percurso para atingir os nossos objetivos….Se este existirem claro , há percursos que não podemos fazer sozinhos, embora haja quem pense que sim! Quando tomamos decisões, as certezas estão lá. Porque se não estiverem... Se não estiverem, somos incapazes de decidir o que quer que seja conscientemente. E isso assusta-me. A inconsciência das decisões é uma coisa que me assusta, porque não consigo entendê-la. Por esta ordem de pensamento, talvez aquilo que me assusta é o que me escapa ao entendimento. A razão faz parte do ser humano, porque é que os Homens tendem a esquecer-se disso? Não sei. Essa é uma pergunta que me irá perseguir para sempre...Considerações sobre a responsabilidade da Humanidade à parte, a verdade é que quando me deixam a pensar sobre as minhas certezas, sou capaz de me alhear de tudo. Parece que começo a sentir o chão a fugir dos meus pés. E eu tenho muito medo de ficar sem ele, confesso. É, muitas vezes, o mundo à nossa volta que coloca as nossas certezas em dúvida permanentemente... O que é que é justo? O que é que honorável? O que é que é uma atitude corajosa? O que é que é a mentira? O que é que é a omissão? O que é que é a verdade? O que é são valores? O respeito é medo? Ou o medo faz parte do respeito? Serão coisas completamente distintas ou não? Quais são as nossas raízes? Elas existem? O que é que a identidade? Qual é a nossa identidade? O que é que defendemos? Porque o fazemos? Ou, porque é que não o fazemos? Quando somos de ideias fixas, por vezes, podemos cair no erro de sermos idealistas... Mas será que ser idealista é um erro? Eu acredito que não, desde que não se seja extremista . Acho que é bom ter ideais e defendê-los. Do que é que se faz a vida se não defendermos algo em que acreditamos ou algo que não concordamos? Se não fizermos o que estiver ao nosso alcance para que aquilo que amamos não desapareça, sim porque há ações que nos fazem desaparecer e fazer os outros desaparecer ! O que é a nossa vida se não agarrarmos com unhas e dentes a oportunidade de fazer alguma coisa pelos outros e por nós mesmos? Nada. Sem isto a vida não tem sentido. Aí está uma certeza. Sem nada disto a vida não tem sentido.  Quanto ao resto o desafio está no bom senso e na falta dele. No bom senso de chegar a um ponto e, através da reflexão consciente, perceber se continuarmos ou não no caminho que escolhemos. No bom senso de conseguirmos entender até onde podemos ir. e, no final de contas, a dúvida vai fazer sempre parte desse processo. Só temos de arranjar uma forma de ela não nos engolir. Hoje estou assim, 
  como ter um coração fora do nosso corpo, e escrever está intimamente associado  a essa ideia ...Por isso!! Hoje mordo o meu coração...Tento arrancar dele a raiz que se instalou, mestatizando-se em meu pensamento, porque o meu sentir é uma dança que desobedece passos, faz-me anoitecer em ruas vazias! Há poucas coisas que se possam entender fora da língua de quem as criou… Estou a ter uma sensação estranha 24 horas sobre 24 horas , continuo a pensar… E nada me faz de todo sentido, até a minha palavra preferida parece ser mal escolhida, os corações são ricos em calor, ardem até que um beijo apenas, termine numa boca de cinzas! É gigantescamente funda esta travessia , as estelas douradas perdem-se no escuro e não encontram o meu coração! Apenas as horas se vão sucedendo às horas, não há nenhum intervalo, é quase dia outra vez, a luz cresce mas a vida não! Não há respostas, só as janelas cegas e o ponto de interrogação de frente para o ponto final…O Amor é estranho mesmo, tanto pode ser de riso ou lacrimejante, é uma existência de uma chama sempre acesa mesmo que a noite caia, não há forma de sair dele, não há plano, não há atalho, não há futuro só há o agora,  de hora a hora e  nelas nem o passado se desfaz… Sinto que hoje sim estou embriagado, bebi de mais desta vida,  para esconder o que sai de dentro de mim fechei-me numa garrafa, aqui á beira mar, perco o orgulho ate na pessoa que sempre fui... Hoje só quero mesmo chorar , mas apenas aqui, sinto que fui atropelado pela vida, há atitudes que revelam bem o ADN do ser, todas juntas traçam o mapa que seguem e sempre seguiram nas coordenadas da inquietação e estas jamais vão responder ao ser que se transformaram, porque as palavras só tem eco se forem ditas a duas vozes…o carater das pessoas só existe quando as pessoas  dizem a verdade mesmo que esta não traga benefício  algum! Há dias assim em que os sonhos, não surgem, nada temos á nossa frente a não ser uma tela vazia, para escrever o impossível e o possível ou até mesmo o bizarro mas... Mas como nada tenho, a escrever,  ela ficará ainda mais vazia! 

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...