sábado, 14 de maio de 2016

Costumavam nascer-me asas no dorso, como aquelas que usam os anjos...sim essas!!!Elas faziam-me voar pelos universos, descobrir portas de acesso aos mundos mais escondidos, onde os sentimentos de cada alma eram segredos que guardava para mim…Só para mim!!! No rodopio das noites chego a ser pescador que, com rede feita de estrelas, pesca os sonhos, adornando-os de fantasias e emoções, devolvendo-os depois às águas deste mar que invento em mim…Não sei onde me perdi, se no calor dum inferno qualquer, ou tão simplesmente no meio duma noite escura, onde nem as estrelas para poder guiar o meu caminho… não existem caminhos, portas ou destinos que me façam sair deste abismo. Hoje não sou mais o ser que vela o sono de outro alguém…Sou apenas um pobre diabo, que em vez de asas no dorso, lhe nasceram espinhos, um animal de garras afiadas que por ironia do destino não sabe sequer alimentar-se num mundo que não lhe pertence…Espero que me sequestrem deste lugar, desejo que o céu escuro se rasgue e a mão salvadora me agarre e me leve daqui para fora!!! Hoje seria preciso sulcar os mares, mergulhar nos seus sentidos, para perceber quanto de mim neles está perdido… Seria necessário voar, vestir as asas e saltar do precipício da vida, para poder entender o vácuo como alimento que me sustenta... Seria preciso deixar pairar a música, como sinfonia incompleta do destino, que me leva e trás como um barco á deriva abandonado na corrente... Seria preciso ter um caminho já traçado que me indicasse por onde pisar...Em que chão, por onde sulcar o mar, por onde riscar, desenhar o céu. Era importante que o meu voo não fosse apenas o de um pássaro na deriva da vida, gostava que me levassem para lá dos limites da atmosfera, e deixasse-me sair desta placenta que me aperta, para cruzar o infinito

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