quinta-feira, 5 de maio de 2016

Hoje vesti-me daquele aroma dos lábios molhados depois de um beijo que pertenceu ao meu corpo ...Mas!! Foi mais um amanhecer só. Acordei envolto daqueles braços… impetuosos e exigentes, que cavavam na ternura dos desejos, longos sonhos, em que fugia como um corsário do tempo…Hoje voltei a vestir-me das mãos que tantas e tantas vezes me tocaram a pele , fazendo-me construir palavras das saudades que trago na ponta dos dedos… Ainda assim prefiro o fruto do calar o grito de tristeza de não poder testemunhar um abraço de amanhecer. Só eu sei os segredos que os meus ouvidos guardam, os eco de um sonho onde tudo se espera sem nada se pedir...Canso-me, cada vez me canso mais… A minha voz cala-se mais um pouco todos os dias e temo que se cale de todo...Podia-me até vestir de cores de esperança, mas, quem me diz que iria repintá-las, retocando a fotografia do preto e branco da minha vida! Poderia abrir a porta da alma, de forma mais ou menos legítima, e mostrar a todos a tentação pelo abismo dos sentidos, mas isso só traçaria um novo rasto de sangue nas cicatrizes e iria estrangular ainda mais os silêncios amordaçados pela vida...Hoje vesti-me e senti-me suspenso e por mais que foque o olhar no horizonte não posso permitir que uma ruga de tristeza redija a utopia dos cacos que de mim consegui colar. Vejo as nuvens a preto e branco mas sonho ser possível construir um baloiço na ponta de uma estrela!

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