sexta-feira, 3 de junho de 2016
Hoje persinto o vento que contorna as paredes da alma, ele soa em mim e parece que quer varrer as poeiras acumuladas pelo tempo, limpar o soalho envelhecido pelos passos perdidos. Sinto-o como se todas as janelas dos meus imensos lugares estivessem abertas, depois dum longo período fechadas… Sinto a corrente fria, que trespassa pela minha sala e me invade cada recanto deste lugar onde me escondo. Tenho frio, preciso com urgência fechar o espaço, prefiro de novo ficar isolado. Preciso desse silêncio para poder enfrentar os dias, preciso da minha própria ausência …. Só assim me elevo e voltarei a pairar para não tocar no chão frio…Sonho-te apenas foste um sonho, ou és um sonho! Todos nós sonhamos, mas tu fizeste-me subir à atmosfera, fizeste-me cheirar a eterna Primavera naquele único lugar… Sei que as portas por onde passa a alma são estreitas , são portais do tempo onde fluem os sentidos com que nesta vida nos inventamos. Não sou profeta, nem Deus, apenas uma energia que flui nos sonhos, uma imagem pálida da luz que habita em varias dimensões. As minhas letras são vozes que se propagam no vazio inconsciente dos dias e a minha voz é uma melodia que se inventa em cada nota tocada. Não devemos extrair a essência do que amamos, sobe pena de obtermos algo insípido, desprovido de sentidos que pode ser tudo, ou então, já o nada, porque lhe roubamos o melhor. Deixa-me ficar, guardado para sempre nessa tua caixa secreta, onde guardas os escritos mais sagrados, deixa-me ser o perfume que emana da tua pele quando adormeces, ser o brilho da tua aura invisível. Só assim não deixarei de estar presente quando me quiseres... O corpo é muito vago, pois a eternidade está naquilo que guardas, não naquilo que tocas...
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