segunda-feira, 13 de junho de 2016

É de olhar profundo que caminho sem caminho traçado, num trapézio de infinitas sensações, por entre ruas escuras e labirintos de desejos. Por vezes os meus olhos revestem-se de uma dureza inigualável e escondem lágrimas de fraqueza e solidão. Sorrio. No entanto, apenas sorrio. Talvez na tentativa de sentir os eixos de uma vida desequilibrada em mim. Talvez por saber que chorar é a melhor forma de limpar a alma da amargura alojada por frustrações repetidas e por sonhos que jamais vestirão o traje do mundo real. Talvez por não saber que um sorriso vazio me denuncia mais facilmente do que uma lágrima cheia de ti. Caminhas na minha direcção, com mãos descontraídas nos bolsos do casaco, andar infantil e propositadamente arrastado. Interpreto-me à medida da minha sombra que se solidifica no campo da minha visão. E vejo-me, naturalmente selvagem, em construção todos os dias sem rumo ou direcção, porque a vida é madrasta e o coração solteiro. Oiço o meu grito ferido, o meu pedido de ajuda fortíssimo, mas, simultaneamente, vejo os traços da desistência forçada porque sou um ser apenas diferente. Alcanço o meu espaço. Passo as mãos nervosas pelo cabelo, olho o céu e ele respondes-me sem me dar tempo para perguntas. Não sei o que faço aqui, mas é aqui que quero continuar. Por isso, é melhor saírem.Este é o meu território. É a minha vida condensada em palavras, é o meu momento. Este não é sítio para todos. Metralham-me com meras frases mas não conseguem empurrar a minha presença para longe. Querem-me ausente mas!!! Não preciso de sair. Fiquei abandonado numa ruela escura, com imagens de morte pintadas nas fachadas dos prédios irreconhecíveis de tão degradados que se fizeram. Vejo-me desaparecer sim, mas numa penumbra da solidão que timbram os meus passos nesta liberdade que é ilimitada.

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